(Leonardo Morais)
GOVERNADOR VALADARES – Vítimas da vulnerabilidade social e sem expectativa de vida, crianças e adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas em Governador Valadares estão marcados para morrer. É mais um número nas contas da assustadora taxa de homicídios da cidade, que, neste ano, já soma 57 assassinatos, entre adultos e menores. Pelo menos 30% dos 180 adolescentes atendidos pelo juizado da Vara da Infância, em 2011, estavam jurados de morte, índice considerado alto, mas que não retrata a realidade da cidade, que tem outras portas para o pedido de socorro, como Ministério Público e o Conselho Tutelar.
Medidas paliativas vêm sendo adotadas para cobrir a deficiência de programas governamentais no município, mas, apesar dos esforços, são quase sempre deficitárias, e a proteção oferecida fica longe de alcançar aqueles que estão sob risco iminente.
Foi assim com Mateus Ramos da Silva, assassinado a tiros aos 14 anos, no dia 30 de março, no bairro Maria Eugênia, e com Mateus Teodoro, de 15, que morreu 20 dias depois, no Mãe de Deus. De acordo com o Conselho Tutelar, os dois estavam envolvidos com drogas e eram acompanhados pelos órgãos de assistência do município.
Mais alarmantes que os números são os relatos de quem perdeu os filhos precocemente. Desde a morte do primogênito, a técnica em enfermagem Marlete Teodoro, de 32 anos, não consegue dormir com tranquilidade. Ela é assombrada pela possibilidade de a casa ser invadida por traficantes e de um outro filho, de 13 anos, também ser assassinado. “Já mandaram avisar que vão pegá-lo e também um primo de 15 anos que anda com ele. Já perdi o Mateus, e agora tenho outro filho e um sobrinho ameaçados. Não vou suportar outra tragédia”.