Alerta: moradores da Pampulha e região Centro-Sul são os principais alvos do 'Golpe do Motoboy'

Liziane Lopes
13/02/2019 às 17:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:32
 (Frederico Haikal )

(Frederico Haikal )

Moradores das regiões da Pampulha e Centro-Sul de Belo Horizonte, na terceira idade: esse é o perfil dos principais alvos do chamado "Golpe do Motoboy", em crescimento na capital mineira. O alerta é da Polícia Civil de Minas Gerais, que investiga a ação de criminosos após denúncias, principalmente, de moradores dessas duas regiões, tradicionalmente de maior poder aquisitivo e com limites mais altos no cartão de crédito. 

A fraude tem esse nome porque a vítima, geralmente da terceira idade, é induzida a entregar o cartão de crédito ou débito para um susposto motofretista a serviço do banco. Primeiro, o correntista recebe a ligação de um estelionatário que se passa por funcionário do setor de segurança da instituição financeira, citando dados verdadeiros e uma série de compras supostamente realizadas fora do padrão de gastos. Quando a vítima contesta as compras, o golpista a orienta a realizar uma nova ligação para o banco na qual confirmará alguns dados e pedirá estorno das despesas indevidas em seu cartão. Nesse momento, os fraudadores prendem a linha do telefone, de forma que a ligação seja direcionada novamente para a quadrilha. 

Segundo a delegada titular da 1ª Delegacia Especializada em Investigações de Fraudes de BH, Cláudia Marra, a vítima ainda é orientada a cortar o cartão preservando o chip e a escrever uma carta de próprio punho, informando que não reconhece as compras. O pretexto é que o chip seria usado pela Polícia Civil para uma possível investigação, o que não é verdade, conforme a delegada.

"Não existe nenhum tipo de convênio com bancos ou associações para realizar esse tipo de serviço", esclarece Cláudia Marra, à frente das investigações. Outra caracerística é que o golpe é aplicado no fim do dia, quando o expediente bancário já foi encerrado. A orientação da polícia é denunciar sempre.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) reforça que nenhum banco envia representante na casa do cliente para coletar cartão de débito ou crédito. A orientação é que o consumidor, quando for destruir um cartão, sempre corte também o chip ao meio. Mesmo com o plástico cortado, é possível fazer transações se o chip estiver intacto. Na maioria das vezes, os cartões são usados para a compra de bebidas e aparelhos eletrônicos.

Vítimas em todo país

Há vítimas também em outros estados. Em São Paulo, por exemplo, só no escritório Aith, Badari e Luchin Advogados, foram atendidos cerca de 15 casos desde o início do ano. De acordo com o advogado Renato Falchet Guaracho, que atua nas áreas do Direito Civil, do Consumidor e Empresarial, apenas um dos clientes do escritório teve prejuízo de cerca de R$ 62 mil, sendo que quase R$ 59 mil foram gastos no cartão de crédito e mais R$ 3 mil no cartão de débito. 

O advogado aponta que, em alguns casos, há funcionários de bancos envolvidos. "Um dos nossos clientes fez boletim de ocorrência e o suspeito foi preso fazendo compras em um shopping. Depois, a polícia verificou que ele era funcionário do banco", relata Falchet .

Por meio de nota, a Febraban informou que "os bancos investem anualmente cerca de R$ 2 bilhões em sistemas e ferramentas de segurança da informação para possibilitar que os consumidores façam operações com maior tranquilidade e comodidade". E que "trabalham com critérios rígidos de confidencialidade para garantir o sigilo das informações de seus clientes". Sobre o envolvimento de funcionários de bancos, a Febraban esclareceu que, "quando foi confirmada a participação de funcionários dos bancos, eles foram desligados e as autoridades foram notificadas para tomar as medidas cabíveis".

Confira as dicas de segurança dos bancos:

  • Nenhum banco envia funcionário na casa do cliente para retirar um cartão de débito ou crédito.
  • Quando for destruir um cartão, corte o chip ao meio. Mesmo com o plástico cortado, é possível fazer transações se o chip estiver intacto.
  • Nunca entregue seu cartão a terceiros, esteja ele danificado ou não.
  • Jamais revele sua senha a terceiros, mesmo que a pessoa diga que é funcionário do banco.
  • Se alguém lhe telefonar dizendo ser funcionário do banco e pedir para informar dados pessoais ou digitar a senha em uma "central eletrônica", não o faça em hipótese alguma. Quando o banco liga para o cliente, ele NUNCA solicita que a senha seja informada ou digitada. Esse pedido só ocorre nos casos em que a ligação parte do próprio cliente, que liga para o banco a fim de realizar alguma transação.
  • Não use telefones de terceiros para acessar sua conta ou para ligar ao banco, pois sua senha poderá ficar registrada na memória do aparelho. Use apenas telefones próprios ou de seu uso pessoal.
  • Caso receba uma ligação suspeita, encerre a chamada e faça uma nova ligação para o banco, utilizando outra linha telefônica. Certifique-se, sempre, de que está ligando para os números oficiais de atendimento de seu banco.​
Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por