Almoço gratuito de Natal reúne população carente no Restaurante Popular de BH

Mariana Campolina
mduraes@hojeemdia.com.br
25/12/2017 às 12:58.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:26

Muito mais do que um almoço gratuito, o tradicional almoço de Natal que aconteceu nesta segunda-feira (25), no Restaurante Popular Josué de Castro, no Santa Efigênia, região Centro-sul de Belo Horizonte, reuniu famílias, amigos, voluntários e até o Papai Noel. Ao som de música ao vivo, o evento teve entrega de brinquedos, de material escolar e de higiene pessoal. O evento que distribui pratos de alimentos gratuitos à população carente e em situação de rua da capital, teve fila desde cedo. 

Para garantir um almoço mais tranquilo, a faxineira Márcia Maria de Souza chegou cedo, acompanhada dos dois filhos: um bebê de dois meses e um menino de 9 anos. "Inclusive venho mais por causa dele (o filho), que gosta muito de almoçar aqui no Natal e todo ano pede para vir", contou. O pequeno confirmou e contou sobre o presente que ganhou, um jogo de tabuleiro. "A comida é muito boa e ganhei um jogo muito legal! Gostei demais".

Assim como ela, a aposentada Maria José Pereira, de 69 anos, se preparou para não perder a hora. “Ontem dormi cedo, e hoje acordei seis horas, porque moro no Santa Amélia e queria chegar cedo”, disse.  A senhora disse que este é o ritual de todo ano. “A comida muito boa, e me divirto muito, conversando com outras pessoas também”. Acompanhando a mãe, Alessandra Paixão, de 30 anos, disse que elas também combinaram um encontro  no local com uma amiga, para celebrar. “Esse é um dos melhores almoços da época. E ainda tem essa música gostosa, muito alegre”, finaliza. 

No cardápio, arroz, feijão, maionese, lombo ao molho de abacaxi e salada de alface e tomate, e suco de manga. De sobremesa, uma maçã. De acordo com o gerente dos restaurantes populares de BH Wellemy Nogueira, cerca de 4,5 mil refeições foram entregues. Esta é a 23ª edição do evento.

Um dia diferente

Pensando em movimentar mais a ceia do dia 25, a dona de casa Adriana Rosângela, de 47 anos, veio com a filha Giovana, de 6 anos, e o marido, o pintor Renato Dias, de 44 anos. “Lá em casa somos só três, então é bom ver o movimento e tantas pessoas comemorando junto”, diz. Para ela, o almoço no restaurante popular aproxima as pessoas e alimenta o espírito de partilha. 

Acostumada a viajar nesta época para visitar os avós, Beatriz Ferreira, de 18 anos, ficou em BH esse ano. Com a mãe, ela decidiu fazer uma boa ação, e doar um pouco do tempo para ajudar quem precisa. "São muitas pessoas e conseguir ajudar é muito legal! Uma experiência muito boa", disse.

Equipe

Para garantir o atendimento, cerca de 70 funcionários da Prefeitura de BH, e outros 50 voluntários, abriram mão do almoço com as famílias para preparar e servir ao público formado por pessoas em situação de rua e população carente de BH. 

Além daqueles que se dividiram organizando filas, dando informações, ajudando crianças e idosos a se servir e locomover, também estiveram presentes no almoço os “Doutores da Alegria”. PElo segundo ano consecutivo, a biomédica Giovana Santos, de 32 anos, esteve presente no almoço para distribuir alegria. “Às vezes, o que essas pessoas precisam é de carinho e atenção, então quando distribuímos abraços, e temos de retorno a alegria deles, é muito gratificante”, diz. 

Também voluntário, o ator Gladson de Paula, de 48 anos, conta que desde o primeiro ano do evento comparece ao local. Brincando com crianças, adultos, idosos, dançando com voluntários e quem estivesse ali para almoçar, ele tem como personagem um garçom judeu, que prega a confraternização. “As pessoas se divertem e o melhor que tem é a afetividade que recebo em troca”.

Doações

Uma campanha feito dentro dos quatro restaurantes populares de BH, e em órgãos da Prefeitura, foram arrecadados 14 mil brinquedos e três mil livros de literatura infantil, além da mesma quantidade de lembrancinhas de guloseimas. “Como desacreditar no amor, quando vemos isso acontecer?”, diz Mário de Assis, Papai Noel do Restaurante Popular de Belo Horizonte há mais de 20 anos. “Presentear quem não tinha nada é muito bom, muito fácil, porque ficam muito agradecidos. Isso renova minha energia para o ano”, fianliza. 

Desconfiado, o pequeno Everton, de 7 anos, fica na dúvida se aquele é mesmo o Papai Noel. “A barba não é maior?”, pergunta. Ele contou que pediu de Natal um carrinho de controle remoto, mas que ficaria com qualquer coisa que ganhasse. 

O menino esteve no restaurante acompanhado do pai, o vigia Afonso Moreira, de 51 anos, e das irmãs, uma de 8 e outra de 4 anos. A família mora em Vespasiano, mas pelo terceiro ano seguido decidiu almoçar no restaurante popular no dia 25. “A comida é magnífica, mas é uma forma de mostrar para os meus filhos a realidade da vida”, diz e completa: “fico muito agradecido também pelos voluntários, é um trabalho muito bonito. Eu mesmo se pudesse faria o mesmo”. 

Beatriz Ferreira, de 18 anos, veio com a mãe doar um pouco do tempo para ajudar quem precisa. "São muitas pessoas e conseguir ajudar é muito legal! Uma experiência muito boa", disse.

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