Amyr Klink destaca a necessidade de se repensar modelos e o modo de identificar problemas

Álvaro Castro - Hoje em Dia
12/06/2013 às 16:12.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:04

A Conferência Magna do 11º Seminário Meio Ambiente e Cidadania contou com a ilustre presença do economista, navegador, viajante e escritor Amyr Klink. Mundialmente conhecido por suas expedições navais ao redor do mundo, ele veio compartilhar um pouco da sabedoria adquirida em pelo menos 27 anos de visitas anuais à Antártica, totalizando 42 viagens.

Ao contrário do que alguns esperavam, ele não descreveu as alterações que puderam ser percebidas ao longo das 42 ocasiões em que esteve no continente gelado, ou nas inúmeras travessias oceânicas das quais participou. Klink debateu modelos, conceitos, filosofias relacionadas à vida de forma mais ampla, que podem ser transportadas para a discussão que este seminário se propõe.

Logo no começo de sua explanação ele conta que não sabe se é possível dizer se está havendo uma mudança climática ou não, e que nem mil anos de observação dariam conta de determinar tal condição. “Uma das coisas bacanas de ter o privilégio de conviver com as pessoas que estão pensando sobre o clima, sobre as mudanças é que não há um consenso”, contou.

O que Amyr Klink se propôs a fazer foi compartilhar um pouco do que vivenciou e criticar o modo como algumas decisões são tomadas e o que embasa essas decisões. Segundo ele, estamos projetando nosso desenvolvimento em modelos errados. “O modelo de desenvolvimento de Belo Horizonte e Brasília, verticalizadores, está errado. O Automóvel está errado. Acho inconcebível um veículo que pesa 1.500 quilos para transportar uma pessoa que pesa 80. Se por um lado vemos o degelo, existem pontos onde as calotas estão aumentando”, contou.

A todo tempo, a ideia da mudança e de um novo tipo de construção de conhecimento era levantada, com a defesa de novos métodos, ou a aplicação de velhos metodos mais simplorios e mais eficientes. Como exemplo, Klink se apoiou nas construções navais regionais do Brasil, segundo ele o país com o maior número de tipos de barcos do mundo. Ao invés de atacar os problemas e buscar soluções caras, abraçar os problemas, como no caso do barco construído por ele, feito para encalhar e não lutar contra esta situação, que de acordo com o navegador faz parte do cotidiano da vida no mar.

“Vivemos hoje a fase de maior atraso tecnológico do homem em sua história. Tecnologia é a capacidade de fazer uso do conhecimento disponível. O que temos hoje é uma infinidade de conhecimento disponível e falta a capacidade de uso”, analisou.

Outra crítica, que vai direto ao encontro da forma como o homem se relaciona com o meio ambiente atualmente e da maneira como é possível lidar com os problemas que podem ser identificados. Por isso, Amyr Klink propõe uma mudança na estrutura educacional. Para ele, há uma grande falta de conhecimento no Brasil. Falta conhecimento técnico, conhecimento especializado. Klink cita a experiência vivida em Belo Horizonte, ao visitar o Cefet e observar a feira de ciências, destacando a importância do ensino técnico, como alternativa para lançar o jovem mais cedo ao mercado de trabalho, para que ele possa arcar com os custos de sua educação superior, caso seja essa sua vontade.

Por isso, o navegador acredita que o foco não deve ser contornar os problemas, mas sim aprender a conviver com os problemas e mudar os modelos. “A questão não é construir um carro elétrico, que é feito com uma bateria de chumbo que gasta muita energia para ser feita. É pensar em um novo modelo de mobilidade, novos planos diretores, novas noções de urbanismo”, concluiu.

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