Anastasia já analisa demissão de delegado que teria matado a namorada

Milson Veloso* - Hoje em Dia
15/10/2013 às 13:24.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:21

O pedido feito pela Corregedoria da Polícia Civil para que o governador de Minas, Antonio Anastasia, delibere sobre a demissão do delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto deve ter um resultado já nos próximos dias. De acordo com a assessoria do Governo de Minas, o pedido chegou ao gabinete do governador na segunda-feira (14) e começou a ser analisado nesta terça (15).

Assim que o administrador público terminar a avaliação - o que pode ocorrer ainda nesta semana ou até a próxima - será divulgada a decisão, que deve ser publicada no Diário Oficial do Estado no dia seguinte a mesma. Contudo, não há um prazo estabelecido para a análise.

Segundo a corporação, o processo contra o delegado surgiu a partir de irregularidades constatadas no período em que ele era titular do Detran em Betim, na Grande BH, entre 2005 e 2007. Caso ele seja condenado por esses crimes, pode pegar até 13 anos de prisão.

O policial também é acusado de ter atirado na cabeça da ex-namorada, a adolescente Amanda Linhares, de 17 anos, que não resistiu aos ferimentos e morreu. Porém, apesar da repercussão desse caso, a recomendação da chefia da PC é por "transgressão disciplinar de natureza grave".

Atualmente, Geraldo está preso na Casa de Custódia da Polícia Civil, que fica no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte, pelo caso envolvendo a adolescente. Em nenhum momento, o delegado confessou o crime e ainda insiste na versão de que a namorada teria atirado contra a própria cabeça.

Apuração*

As investigações da Polícia Civil revelaram que Geraldo Toledo teria cometido infrações para registrar e licenciar duas motocicletas com motores e chassis irregulares.

O processo para a demissão do delegado foi instaurado em 2011, após a conclusão de um inquérito que confirmava o envolvimento do policial com o caso. Na época, ele chegou a ser detido em São Joaquim de Bicas, na região Central de Minas, mas passou a responder aos crimes em liberdade.

Ainda segundo a corregedoria, Geraldo também responde no processo por Adulteração de Sinal Identificador de Veículo Automotor, Receptação e Formação de Quadrilha. (*Com Polícia Civil)


Morte da adolescente
 
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra o delegado no dia 20 de junho deste ano. Segundo o órgão, ele foi denunciado por homicídio duplamente qualificado - motivo torpe, dissimulação e fraude processual. Além dele, outras cinco pessoas, sendo três amigos, a advogada e a ex-namorada do delegado, também foram denunciadas por fraude processual. A advogada e a ex-namorada ainda irão responder por falso testemunho.
 
De acordo com a promotora de Justiça Luiza Helena Trócilo Fonseca, o inquérito policial apresenta indícios suficientes da autoria do crime e, além disso, o denunciado procurou impedir que a verdade aparecesse, obstruindo a produção de vestígios e provas. "A vítima caiu em uma pérfida armadilha preparada de forma dolosa e finalística pelo denunciado, o que deixa efetivamente evidenciado a torpeza do motivo que resultou no lamentável e trágico crime", disse a promotora de Justiça.
 
A denúncia foi apresentada à Vara Criminal de Ouro Preto, na região Central do Estado, bem como o pedido de desmembramento do processo em relação aos outros cinco réus.
 

O crime
 
Amanda Linhares foi baleada na cabeça no dia 14 de abril de 2013, em Ouro Preto. Na data, testemunhas informaram que o delegado e a garota teriam discutido dentro do carro do Geraldo Toledo momentos antes de ela ser ferida.
 
Segundo a Polícia Civil, essa não foi a primeira vez que o delegado teria agredido a jovem. Conforme a assessoria de comunicação da corporação, em março deste ano, Geraldo Toledo chegou a ser indiciado pela Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente por agressão contra a jovem.
 
Amanda, de 17 anos, morreu na noite do dia 3 de junho, após ficar 51 dias internada no Hospital Pronto-Socorro João XXIII. A causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória. O corpo da adolescente foi velado e enterrado no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, em Conselheiro Lafaiete, na região Central de Minas.

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