Após contágio da Covid voltar ao nível amarelo, veja o que pode levar BH a recuar na flexibilização

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
22/09/2020 às 13:02.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:36
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

A taxa de ocupação dos leitos de UTI na capital mineira será determinante para que atividades econômicas não essenciais, como shoppings, continuem liberadas. A cinco dias da reabertura de clubes e a seis da volta da Feira Hippie, a cidade foi surpreendida nesta segunda (21) com a notícia de que a taxa de transmissão da Covid-19 saiu do índice mais seguro, o verde, para o amarelo, considerado de alerta. Isolado, o fator não vai levar ao recuo na flexibilização, informou a prefeitura. Mas comprova uma aceleração da doença na metrópole após a ampliação da retomada do comércio, intensificada desde o início do mês.

De 11 de setembro até o último domingo, os três indicadores avaliados pelo município para determinar os rumos da quarentena estavam no nível mais satisfatório. Com um dos índices voltando para o amarelo, surgiu o receio de que alguns setores tenham que fechar as portas de novo.

Integrante do Comitê de Combate à Covid-19 em BH, o infectologista Carlos Starling admite que o aumento da transmissão do coronavírus entre a população era esperado – mas, mesmo assim, preocupa. Ele explica, porém, que o retrocesso na flexibilização só vai ocorrer se houver uma sobrecarga dos leitos hospitalares – exatamente a situação verificada em 26 de junho, quando a PBH ordenou pela segunda vez o fechamento de todas as atividades não essenciais na cidade, após a lotação das UTIs chegar a 86%. 

Por enquanto, conforme boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), a taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva está em 45,9% e a dos leitos de enfermaria exclusivos para pacientes com Covid-19, em 36,8%. Abaixo de 50%, o índice é considerado aceitável.

Quando a ocupação das vagas está entre 51% e 70%, atinge-se um nível de alerta. Acima de 71% é o nível mais crítico; nesta fase, é preciso reduzir a quantidade de pessoas em circulação na cidade, para “segurar” o número de doentes e evitar um colapso na rede hospitalar, deixando pacientes desassistidos.

"É preciso avaliar todos os indicadores. Se essa aceleração do vírus não comprometer a capacidade instalada (de atendimento), tudo bem. Mas se os hospitais começarem a encher novamente, volta a fechar", explicou o especialista.

Ainda conforme o infectologista, caso dois indicadores atinjam o nível amarelo, a cidade entra em sinal de alerta máximo. "Vamos monitorar e continuar observando", pontuou.

Em nota, a prefeitura informou que, no momento, o fato de a taxa de transmissão estar em 1,03 não impactará no processo de reabertura das atividades econômicas. "A preocupação da PBH está no cenário em que esse indicador permaneça durante muito tempo acima de 1,00, ou mesmo num valor crítico, acima de 1,20, o que provocaria um crescimento no número de casos mais graves e, consequentemente, pressão sobre a infraestrutura de saúde", esclareceu.

A PBH ressaltou que, caso a pandemia saia do controle, a cidade voltará a ser fechada. "Qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado da forma devida, com o objetivo de preservar vidas".

Banalização

Conforme o infectologista Carlos Starling, o aumento da transmissão do vírus já era aguardado com a maior flexibilização das atividades econômicas e de lazer. "Quanto mais interação entre as pessoas, mais infectados".

O problema, diz o médico, é que uma parcela da população está “exagerando” e descumprindo as medidas recomendadas para o controle da doença. "As pessoas estão confundindo flexibilização com banalização. Se banalizou e infectou, com certeza a cidade corre o risco de fechar", declarou.

O especialista ressaltou que, para evitar o recuo, continuam valendo as medidas de segurança sanitária: uso de máscara, distanciamento social e só sair de casa se necessário.

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