Após PBH suspender atividades em grupo nas academias, empresários vão à Justiça

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
04/09/2020 às 08:41.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:27
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Proprietários das academias de crossfit em Belo Horizonte prometem não parar, mesmo depois de a prefeitura, ontem, proibir as atividades na cidade. O imbróglio, inclusive, pode parar nos tribunais, frisam os empresários. As novas regras também não permitem modalidades em duplas, trios ou em grupos orientadas por profissionais de educação física.

Segundo a administração municipal, “essas atividades, por serem coletivas, pressupõem, inevitavelmente, a proximidade dos praticantes, facilitando em muito a transmissão da Covid-19”. Por isso, nas normas atualizadas, esses itens foram retirados.

Pedro Barros, proprietário da academia Crossfit BH Mangabeiras, região Centro-Sul da capital, ressalta se tratar de uma marca registrada e que a portaria não poderia ter sido formulada dessa forma. “É como, por exemplo, permitir o uso de tênis, mas ao mesmo tempo proibir o uso de uma marca específica de tênis. Temos o mesmo CNAE (classificação de atividade econômica) das demais academias convencionais e estamos seguindo as mesmas regras sanitárias que foram definidas pelo poder público”.

Conforme portaria publicada ontem pela PBH, aulas individuais de boxe, karatê e muay thai não têm alterações. Mas essas modalidades devem ser oferecidas em locais arejados e se as medidas de distanciamento físico puderem ser garantidas, preservando o uso obrigatório e correto da máscara

O empresário rebate a justificativa de que a atividade é coletiva. “É individual, a pessoa fica no espaço dela, de nove metros quadrados, e não sai desse espaço”, explica.

Revolta

Ter que fechar depois de quatro dias de reabertura revoltou Letícia Cândida Bones Santos, sócia-proprietária da Crossfit BH Lourdes, que teme mais prejuízos. Ela afirma que desde 18 de março, quando as atividades foram suspensas por força de decreto municipal, perdeu 70% dos alunos.

Para o retorno, investimentos foram feitos, inclusive com a compra de equipamentos para que os alunos não precisem revezar o uso, álcool em gel e termômetro. “A capacidade de atendimento foi reduzida em 50%, estamos atendendo apenas dez pessoas de cada vez”, conta a empresária. Ela diz também que não irá fechar portas.

Pedro Barros informou que os proprietários não descartam acionar a Justiça, caso a fiscalização determine a suspensão dos estabelecimentos.
A Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota, não ter recebido “nenhuma manifestação a respeito da questão”.

Além disso:

Independentemente se individual ou coletiva, as atividades físicas em ambientes fechados representam risco de contaminação pelo novo coronavírus. É o que afirma a clínica médica e geriatra Silvana Oliveira e Silva Moreira, chefe da equipe médica de Telemedicina Covid-19 do Grupo Iron.

“A academia em si é muito arriscada. Não as atividades, mas é o local, onde a pessoa tem contato com muitas superfícies. Afinal de contas, ela vai lá para usar os equipamentos que são tocados por muitos alunos”, frisa a especialista.

Segundo ela, nem mesmo as luvas minimizam o perigo. “A pessoa segura a esteira e pode levar a mão ao rosto para enxugar o suor, de forma inconsciente”.

Já as máscaras, que reduz a transmissibilidade do vírus, não anulam o risco, alerta Silvana. “Esse material úmido satura e tem durabilidade menor, perde o efeito de proteção”, diz a médica.

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