Após protestos, Kalil ordena aquartelamento e tira mais de 2 mil guardas municipais das ruas

José Vítor Camilo
12/12/2019 às 16:39.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:01
 (Sindibel / Divulgação)

(Sindibel / Divulgação)

Cerca de 24h após os guardas civis municipais recusarem a proposta de reajuste da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e fazerem uma manifestação, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou, na tarde desta quinta-feira (12), que determinou que todo o efetivo da corporação fosse aquartelado e as viaturas recolhidas. A medida, que fica em vigência por tempo indeterminado, tira os mais de 2 mil guardas municipais das ruas até que a situação se resolva. Enquanto isso, a Polícia Militar (PM) ocupará os espaços até então de responsabilidade da Guarda Municipal.

"A prefeitura acertou com o sindicato o reajuste de todas as categorias deste ano e do próximo. A Guarda Municipal, através de meia dúzia de três ou quatro, se rebelou e iniciou um pequeno processo de ficar aquartelada, com carros impedindo a saída das viaturas. Eu queria só tranquilizar a população de BH. Tenho que agradecer ao Governo de Minas e à PM, que, mais uma vez, veio até nós nesse momento. Estamos ocupando todos os espaços para a tranquilidade da população", disse o prefeito. Sindibel / Divulgação / N/A
Presença de agentes armados e fardados na manifestação foi bastante criticada pelo prefeito Alexandre Kalil

Durante coletiva de imprensa convocada pela PBH, Kalil disse ser inadmissível homens armados e fardados marcharem em protesto contra qualquer secretaria ou na porta da prefeitura. "Por uma questão de segurança pública, a PM vai com todas as forças possíveis ocupar os lugares da guarda. Nós continuamos abertos à conversa, mas, mais uma vez, não é assim que se trata as questões de quem usa farda e arma na cintura. Vamos ter que rever todo o procedimento da guarda, a responsabilidade, a parte comportamental de quem usa uma farda e uma arma", atacou. 

O político fez questão de deixar claro que não há greve, mas que a corporação foi aquartelada por ordem sua. "As viaturas estão todas recolhidas por ordem do prefeito e nós vamos ter uma reunião segunda-feira (16). Estou enviando o PL com o reajuste para todas as categorias para a Câmara, e vamos enviar um substitutivo tirando a guarda", completou Kalil. Ele disse ainda já ter determinado a suspensão da compra de 780 pistolas da marca austríaca Glock que seriam destinadas à corporação. 

Negociação recomeça

Ainda de acordo com o prefeito, agora a categoria terá que sentar e rediscutir o aumento que já tinham ganho. A proposta apresentada pelo município, que foi recusada pela categoria, foi de um aumento de 7,20% dividido em duas parcelas - sendo a primeira em janeiro e a segunda em dezembro de 2020. Os guardas exigiam um reajuste de 20,23%, além da incorporação do adicional de risco e da Gratificação por Disponibilidade Integral (GDI) ao salário-base, reivindicações que não foram atendidas. 

"Aqui não temos dinheiro sobrando, não vamos aceitar esse tipo de pressão de 7, 8 ou 9 armados. Um confronto seria um desastre para essa cidade, que está indo tão bem. A minha subsecretária de Gestão de Pessoas, Fernanda Neves, sabe que nós fizemos 280 reuniões com sindicatos da PBH durante 3 anos de mandato. Esse é o número de vezes que a secretaria sentou com o funcionalismo. Também quero salientar que 95% da guarda é de pais e mães de família, que eu sempre respeitei e honrei. Todos sabem o que era a guarda e o que é depois da nossa administração", finalizou Kalil durante seu pronunciamento. 

Depois do fim da coletiva que anunciou o aquartelamento da Guarda Municipal, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) emitiu uma nota em que reitera seu posicionamento de que, neste momento, é fundamental "manter a serenidade e o espaço de diálogo entre a Guarda e a administração municipal". 

O sindicato reforçou ainda que na próxima segunda-feira o presidente da instituição, Israel Arimar, e um representante da Guarda irão se reunir com o prefeito. "O sindicato mantém a convocação para assembleia geral da categoria na terça-feira (17). A expectativa é que o impasse entre a Guarda Civil Municipal e a prefeitura seja resolvido de forma construtiva e satisfatória para todos, principalmente para a população de Belo Horizonte", conclui. 

PM assume policiamento 

O coronel Anderson de Oliveira, comandante de Policiamento da Capital da PM, também participou do anúncio. Segundo ele, a PM tem o papel constitucional de prevenir crimes e de fazer a manutenção da ordem pública. "Difere um pouco da competência da Guarda Municipal, que é mais ligada ao patrimônio e posturas municipais. Mas, diante dessa solicitação da prefeitura, nós vamos estender o nosso patrulhamento para essa áreas, o que já era feito de forma suplementar em conjunto com o importante trabalho da guarda", detalhou. 

Além das rotas de viatura, que serão reforçadas com a ausência dos homens da guarda civil, agora será feita uma análise da necessidade do policiamento físico em cada localidade de atuação dos guardas. "Para esse final de ano nós tivemos um reforço de policiamento, estamos com mais de 2 mil homens na capital que vieram da academia, da área administrativa e do Comando de Policiamento Especializado para reforçar. É obvio que a PM vai ter que priorizar áreas que até então estavam ocupadas pela guarda, mas acreditamos que essa situação seja transitória, as coisas irão se resolver e voltar à normalidade", concluiu Oliveira.

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