Após 12 anos de folia, bloco Trema na Linguiça pode se despedir do Carnaval de BH neste sábado

Juliana Baeta
16/02/2019 às 15:52.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:35
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

O tradicional bloco Trema na Linguiça, um dos precursores do Carnaval de rua em Belo Horizonte, pode ter saído pela última vez neste sábado (16) após 12 anos de história. O motivo, segundo o fundador do grupo, João Carlos Rocha, o Jacaré, é a mudança imposta no trajeto este ano.

De acordo com Jacaré, depois de mais de uma década saindo pelas avenidas do Contorno, Getúlio Vargas, Cristóvão Colombo e rua Major Lopes na região Centro-Sul da capital, o bloco desta vez ficou limitado a apenas algumas ruas do bairro Santo Antônio, uma imposição da prefeitura. 

“A gente fazia um trajeto de duas horas pela cidade tocando samba e levando alegria aos foliões. Hoje este trajeto foi feito em meia hora. A Belotur passou a não permitir mais que os blocos fechem a Contorno. É uma pena, mas eu sinto que a nossa missão foi cumprida. Há 12 anos o nosso objetivo era fazer o Carnaval em BH quando ele ainda nem existia. Foram surgindo mais blocos com o passar do tempo e hoje já são quase 600”, explica.
 Riva MoreiraFamília e amigos de Jacaré (com a criança no colo), fundador do bloco


A concentração aconteceu na rua Benvinda de Carvalho, no Santo Antônio. O bloco é conhecido por abrir o Carnaval de BH em um desfile único para aquecer os foliões.

“A chuva atrapalhou um pouco, mas não desanimou. Felizmente, nós tivemos o apoio do clube Mackenzie que abrigou os foliões durante a chuva e deu para esperarmos tranquilos o tempo se abrir para sair”, conta uma das organizadoras, Sandra Michel.

O organizador do Trema na Linguiça explicou que o público presente no desfile, em torno de 400 pessoas, foi menor que em outros anos. “Imagine, um bloco que já arrastou uma média de 4 mil pessoas, agora tem que ficar preso dentro do bairro”, argumentou Jacaré.

O fator financeiro também influi na possibilidade de o Trema, como é chamado afetivamente pelo fundador, parar de desfilar nos próximos anos. Sem apoio financeiro oficial, os custos são divididos em uma “ação entre amigos”, uma espécie de rateio entre organizadores e apoiadores. “Está ficando mais caro, mas eu sinto que a nossa parte a gente já fez na folia de BH”, diz Jacaré. 

Por outro lado, ele cita como pontos positivos nestes 12 anos de evolução do Carnaval da capital mineira a organização e a estrutura. 

Família

Uma roda de samba potencializada. Assim pode ser definida a essência do Trema na Linguiça, que embora conte com carro de som e os equipamentos necessários para uma folia profissional, se mantém fiel ao jeitinho mineiro de fazer samba, entre amigos, família e com muita risada. 

Se fundem ao Trema o grupo Bacharéis do Samba e a banda Bora de Samba. O público, embora diversificado, tem um perfil mais “família”, como a do casal Alexandra e Antônio Borges, de 53 e 58 anos, que vem pelo segundo ano consecutivo prestigiar o bloco. 

“Gostamos de Carnaval e preferimos blocos mais tranquilos, com boa música, mas sem muvuca. Por isso viemos e eu pude trazer até a minha mãe”, conta Alexandra, se referindo a Isolda Baldo, de 88 anos, que veio de cadeira de rodas e usa um colar de flores coloridas especialmente neste sábado para se destacar no Carnaval.

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