Após condenação de líderes da Galoucura, advogado recorre da sentença

Ana Clara Otoni - Hoje em Dia
13/04/2013 às 13:32.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:48

Após a condenação de 14 anos de prisão pela morte do cruzeirense Otávio Fernandes e por formação de quadrilha, o ex-presidente da Galoucura, Roberto Augusto Pereira, o "Bocão", e do vice-presidente, Willian Tomaz Palumbo, apelidado de "Ferrugem", o advogado dos réus, Dino Miraglia Filho, entrou com um recurso para reverter a decisão. Os réus foram absolvidos da acusação de tentativa de homicídio contra outras cinco pessoas. As agressões ocorreram em novembro de 2010, na porta do Chevrolet Hall, no bairro São Pedro, na região Centro-Sul de BH. O pedido do jurista foi protocolado no fim da noite dessa sexta-feira (12) no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Filho chamou o julgamento de “atípico” e questionou a postura do representante do Ministério Público, o promotor Francisco Santiago, e do desembargador de Justiça. “Foram julgadas as torcidas organizadas, e não, o objeto do julgamento que era a participação do 'Bocão' e do 'Ferrugem' na incitação à violência no espancamento ocorrido na porta do Chevrolet Hall”, afirmou.

Segundo o advogado, o Ministério Público pautou a argumentação para condenar os líderes da Galoucura em episódios recentes envolvendo membros de torcidas organizadas. Foram citadas as agressões a policiais e jornalista pelohttp://www.hojeemdia.com.br/esportes/altetico/confus-o-entre-atletico-e-arsenal-termina-na-delegacia-e-argentinos-s-o-multados-1.108708, e a http://www.hojeemdia.com.br/esportes/advogado-de-corintianos-presos-ira-processar-o-san-jose-1.110965.

“Não se apresentou nada que provasse a participação do Bocão e do Ferrugem no crime, nem o delegado falou isso [na fase de inquérito], nem o perito soube apontar os dois nas imagens do espancamento”, destacou Filho.

Sem expectativa

O defensor do presidente e vice da Galoucura, porém, não tem esperanças de que o recurso seja acatado pela Justiça Mineira, devido ao posicionamento já apresentado pelo desembargador ao negar o habeas corpus de Cláudio Henrique Sousa Araújo, o "Macalé". Ele foi condenado a dois anos de prisão em regime aberto, mas está há um ano e meio em regime fechado.

“Eu vejo mais chances de reverter essa situação se eles forem julgados no Superior Tribunal de Justiça, que é considerado o Tribunal da Cidadania. Lá, não terão os resquícios da vontade do desembargador e do promotor para acabar com as torcidas organizadas. Eles serão julgados pela contribuição na incitação à violência”, afirmou.

O jurista foi categórico ao apontar que o Ministério Público por encabeçar uma ação civil pública que pede a extinção das torcidas organizadas, acabou julgando duas pessoas inocentes, simplesmente, por elas serem líderes da torcida organizada do Atlético. Filho fez uma referência ao promotor Ricardo Coelho, de Pernambuco, que impetrou a ação civil pública para acabar com as torcidas Fanáutico, do Náutico, a Torcida Jovem, do Sport, e Inferno Coral, do Santa Cruz. “Não se julga o presidente do Minas Tênis Clube, por exemplo, por uma briga ocorrida dentro do clube. Isso não existe”, comparou.

Morosidade entristece

O advogado Dino Miraglia Filho contou estar triste como operador direito devido à morosidade que já espera enfrentar neste caso. Ele argumentou que a Justiça, por si só, é lenta, mas com os servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em greve, o processo pode levar ainda mais tempo para correr. “Eu sofro porque temo que esses meninos fiquem presos, cumpram a pena e, depois, sejam inocentados”, compartilhou.

Roberto Augusto Pereira, o "Bocão", e o vice-presidente, Willian Tomaz Palumbo, apelidado de "Ferrugem", foram condenados a 12 anos por homicídio e a dois anos por formação de quadrilha. Após cumprirem 2/5 da pena em regime fechado, ou seja, 4 anos e 8 meses, eles poderiam deixar a prisão. O temor do defensor da dupla é de que os trâmites dos recursos na Justiça dure um tempo maior do que esse e os líderes da Galoucura cumpram toda a pena, para um dia, serem inocentados.

Condenação

Em 31 de janeiro, a Justiça condenou os seis réus acusados de matar o torcedor cruzeirense Otávio Fernandes por formação de quadrilha. João Paulo Celestino Souza e Marcos Vinícius Oliveira de Melo, o Vinicin, foram condenados ainda por homicídio duplamente qualificado pela morte de Otávio Fernandes.

O primeiro pegou 15 anos e dez meses e, o segundo, foi condenado a 17 anos, ambos em regime fechado. Os outros quatro réus receberam a sentença de dois anos de prisão em regime aberto. Já sobre a acusação de tentativa de assassinato de Rodrigo Oliveira todos os réus foram inocentados.

Entenda o caso
 
No dia 27 de novembro de 2010, Otávio Fernandes e outros torcedores do Cruzeiro foram cercados por integrantes da Galoucura, na avenida Nossa Senhora do Carmo, no bairro São Pedro, região Centro-sul da capital. Os cruzeirenses conseguiram correr, mas Otávio foi espancado até a morte por, pelo menos, 12 atleticanos.
 
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, os agressores estavam em um evento de luta livre no Chevrolet Hall. Ao ficarem sabendo da chegada de membros da torcida rival, o grupo teria saído da casa de shows e agrediram cinco torcedores, “com ações extremamente violentas”, utilizando paus e cavaletes, e que culminou na morte de Otávio.

As outras quatro vítimas ficaram bastante feridos. Câmeras de vigilância registraram o fato e a crueldade dos torcedores alvinegros.

Atualizada às 13h47.

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