Após imbróglio na OMS sobre transmissão em assintomáticos, SES vê com cautela mudança de testagem

Anderson Rocha
arocha@hojeemdia.com.br
09/06/2020 às 14:11.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:43
 (Reprodução/ Facebook)

(Reprodução/ Facebook)

 Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmar, nessa segunda-feira (8), que a propagação de Covid-19 a partir de pacientes assintomáticos é "muito rara", e voltar atrás, esclarecendo que a transmissão ocorre, mas ainda não se sabe em qual quantidade, a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou, em coletiva na tarde desta terça-feira (9), que seria "precoce" modificar os métodos de testagem já aplicados em Minas devido à afirmação da entidade. Na ocasião, a SES ainda apresentou dados sobre notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ocupação de leitos em Minas e sobre a ampliação de vagas nos hospitais Eduardo de Menezes e Julia Kubitschek.

A fala de que a transmissão da doença por assintomáticos é "muito rara" foi dada pela infectologista Maria Van Kerkhove, responsável técnica pelo time de combate à Covid-19 da OMS. Na tarde desta terça, a médica voltou a se posicionar sobre o assunto e afirmou que houve um mal-entendido. Segundo a especialista, o contágio "está ocorrendo. Estamos convencidos disso. A questão é o quanto".

De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, a informação inicialmente relatada pela OMS já era de conhecimento prático da SES, que acompanha o assunto. Segundo ele, as pessoas sem sintomas tendem a transmitir menos o vírus do que as pessoas que estão sintomáticas, segundo apresenta a literatura do assunto. O fato é tema de atenção da Pasta, mas o gestor pediu cautela pois, segundo Amaral, como a própria OMS pontuou, trata-se de uma sugestão da entidade, ainda imprecisa.

"Nós temos que lembrar que, nesse momento de epidemia, todas as verdades são transitórias, são instantâneas. Então, para nós pensarmos em tomar qualquer atitude ou ter a convicção do que está acontecendo, e qual é aquela verdade realmente, é necessário um tempo de maturação, é necessário maior informação, um número maior de estudos, para a gente ter uma certeza absoluta ou, pelo menos, uma grande certeza", informou.

Segundo Amaral, uma mudança motivada pelo assunto precisaria ser estudada com muito rigor, pois poderia alterar tanto a definição da indicação de testagem quanto em implicar em outras questões, como a atividade escolar. 

"Passa a ter um grupo grande de pessoas que nós temos que olhar de uma forma diferenciada. Tanto na indicação de testagem de assintomáticos, para nós vermos se seria momento ou não, se justificaria testar assintomático ou não, assim como também quando nós falamos que a maioria dos assintomáticos são crianças, isso poderia ter implicação do ponto de vista da atividade escolar", informou.

 Notificações de SRAG

Conforme a SES-MG, até o momento, Minas tem o registro, comunicado ao Centro de Operações de Emergências em Saúde (COES-MG), de 1493 óbitos causados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Dessas mortes comunicadas, 399 foram confirmadas para a Covid-19 e 892 óbitos foram descartados para a doença. Outros 202 óbitos seguem em investigação.

Ampliação de leitos

A SES-MG também trouxe dados sobre a ampliação de leitos em dois dos hospitais da rede Fhemig. Segundo a Pasta, no Eduardo de Menezes, no Barreiro, que conta com 36 vagas de terapia intensiva para tratamento da Covid-19, haverá o incremento de 16 leitos, ainda neste mês, totalizando em 52 vagas.

Já no Julia Kubitschek, também no Barreiro, atualmente com 17 leitos, a ampliação será maior: serão 33 novas vagas, chegando a 50 leitos.

"Ampliamos leitos para ter mais capacidade assistencial, mas nós não podemos deixar a epidemia descontrolar. Isso significa nós termos um isolamento adequado e oportuno, e que as medidas sejam tomadas no momento correto, antes que a epidemia cresça", afirmou Amaral. 

Ocupação de leitos

Conforme a SES-MG, há um aumento progressivo na ocupação dos leitos, o que acompanha a expansão da transmissão em Minas. Segundo a Pasta, de uma forma geral, 72% dos leitos de UTI estão ocupados, sendo que, do total de casos, 11,86% são de suspeita de Covid-19; e de 70% nas enfermarias, com 7,68% das vagas utilizadas pela doença causada pelo novo coronavírus.

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