Apesar da vigilância, Estações do Move sofrem com vandalismo constante

Gabriela Sales
gsales@hojeemdia.com.br
27/10/2016 às 20:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:25
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Alvos constantes de vandalismo, estações do Move, um dos principais meios de transporte em Belo Horizonte, sofrem com a degradação. Funcionando há pouco mais de dois anos, os espaços criados para integrar as linhas de ônibus e dar conforto aos passageiros estão tomados por pichações. Também têm placas danificadas, pisos arrancados, banheiros quebrados e extintores de incêndio roubados. 

A lista de problemas é tão longa quanto antiga. A manutenção dos equipamentos acontece semanalmente e até reformas já foram feitas, mas em pouco tempo novos estragos jogam pelo ralo o dinheiro público investido.Flávio TavaresDANIFICADAS - Placas de sinalização para os usuários estão pichadas

Na Estação Pampulha, os 52 mil passageiros que utilizam o espaço todos os dias se deparam com estruturas precárias. Grande parte do piso tátil instalado para orientar os deficientes visuais foram arrancados. A última manutenção foi feita no primeiro semestre deste ano – quando todos os terminais renovaram esse tipo de sinalização. “Algumas pessoas danificam o piso por puro prazer. O problema é que isso afeta milhares de pessoas que utilizam o transporte público”, diz a farmacêutica Juliana Gate, de 31 anos.Flávio TavaresMEDO - Rose não desce as escadas sozinha

Nas escadas que dão acesso às plataformas, há pichações em toda a parede. Situação é comum em outras áreas da estação. “Essa sujeira dá uma sensação de abandono e de insegurança. Evito descer as escadas sozinha. Tenho medo de ser surpreendida por alguém mal-intencionado no caminho”, conta a digitadora Rose de Sousa Lima, de 44 anos. 

Nos pontos de embarque e desembarque, tanto na Pampulha quanto na Vilarinho, as placas de sinalização e orientação aos usuários danificadas são alvos de reclamação generalizada. “Pouco tempo de uso e muitos estragos. Isso sai do bolso do passageiro”, diz a estudante Natália dos Santos, de 17 anos.

Responsável por receber 68 mil usuários diariamente, a Estação São Gabriel sofre com a falta de extintores de incêndio. Nenhum equipamento foi encontrado pela reportagem tanto lá quanto na Vilarinho. 

No terminal São Gabriel, inclusive, dez extintores teriam sido retirados após vândalos acionarem as válvulas. “Alguns jovens que circulam na estação nos fins de semana fazem isso (acionar o extintor). É um prejuízo enorme”, conta um vigia, que pediu para não ser identificado.

Há relatos de que usuários descarregam extintores de incêndio sem necessidade na Estação São Gabriel, na região Nordeste de BH

Quebradeira recomeçou após suspensão da taxa do banheiro

Quem usa o banheiro das estações, muitas vezes não consegue lavar as mãos. Várias torneiras foram retiradas ou faltam peças. No espaço onde deveria existir um espelho, ficou apenas o suporte da estrutura. Em alguns sanitários masculinos é possível encontrar portas quebradas. “É o tempo de recolocarem os equipamentos e tudo sumir. Quando entramos no banheiro para fazer a limpeza, encontramos a água jorrando na pia, espelho e porta quebrados”, conta uma funcionária da limpeza, que pediu anonimato.

Há um ano, a BHTrans começou a controlar a entrada e saída de usuários nos sanitários das estações por meio de cobrança. Porém, a taxa foi suspensa após reivindicação dos passageiros, segundo a empresa. Com a medida, parte das estruturas voltou a sofrer com os danos. 

Na Estação Pampulha, os usuários que precisam usar os banheiros encontram esses locais quase sempre sujos e com problemas até no vaso sanitário. “Muitas vezes ele está entupido. Se a cobrança significava encontrar um banheiro limpo e com toda a estrutura adequada, então ela deveria continuar”, opina a aposentada Cleusa do Perpétuo Socorro Silva, de 70 anos.

Na tentativa de evitar quebradeiras nos banheiros, a Estação Vilarinho optou por limitar o horário de uso. Os sanitários do terminal, que recebe 46 mil usuários por dia, ficam abertos até as 10h. Após esse horário eles são trancados. É preciso procurar um banheiro no shopping próximo ou no terminal do metrô.Flávio TavaresREFORÇO – Para Thaís Araújo, a presença de vigilantes evita as ações dos vândalos

“É um absurdo limitar o funcionamento porque existem pessoas que quebram a estrutura paga pelos nossos impostos. Acredito que falte vigilância. A segurança mais presente evita danos”, diz a psicóloga Thaís Araújo, de 31 anos.

Estragos exigem manutenção semanal nos equipamentos

A depredação constante nas estações do Move exige manutenção semanal. De acordo com a BHTrans, os extintores foram recolhidos para reparos e devem ser recolocados após o fim de semana. 

Segundo a empresa, todos os espaços são monitorados e, segundo a previsão orçamentária, procura-se realizar a manutenção para atender às necessidades dos usuários. Estão previstos o conserto do piso tátil e novas pinturas. A empresa, entretanto, não divulgou quanto é gasto na manutenção das estações.

Em abril foram contratados 192 vigilantes para atuar nas estações e nos ramais de transferência. O Consórcio Operacional do Transporte Coletivo de Passageiros por Ônibus de Belo Horizonte (Transfácil) foi questionado sobre todos os danos e de que forma é feita a segurança.

 Flávio TavaresUSO COMPROMETIDO - Banheiros sem torneiras ou com peças faltando

 Por meio da assessoria de imprensa, o órgão afirmou que a implementação de vigilantes possibilitou reduzir os danos ao patrimônio em 98%. O consórcio disse ainda ser responsável apenas pela manutenção das portas e painéis de informação e da bilhetagem eletrônica. E, com a contratação dos vigias, esses serviços fazem parte da manutenção rotineira.

A empresa não informou o valor gasto no conserto dos equipamentos danificados.

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