Apesar de campanhas, cesariana ainda prevalece em Minas

Roberta Miranda - Hoje em Dia
24/06/2013 às 07:08.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:24

Políticas de controle do alto número de cesarianas se mostram ineficazes em Minas Gerais. A proporção de mulheres submetidas ao parto via procedimento cirúrgico aumentou. No ano passado, 57,7% das grávidas passaram por cesariana, enquanto que, em 2010, esse índice foi de 54%.

Em um movimento inverso, a taxa de partos normais caiu. Passou de 45,77% há dois anos para 41,9% em 2012. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde.

Para especialistas, equívocos das campanhas de conscientização contribuem para a opção das mães pela cesariana. “Os governos federal e estadual gastam recursos para promover o parto normal. No entanto, esquecem-se de um ponto importante, que é a conduta médica. Durante o pré-natal, ainda há a construção de uma ideia, errada, de que a cesárea é mais segura”, afirma a psicóloga Carolina Duarte, membro da Aliança de Mulheres por Uma Maternidade Ativa (AMMA).


Distorções

Exemplo de distorção acontece em Juiz de Fora, na Zona da Mata. No ano passado, o número de partos cirúrgicos chegou a 4.331, ante 2.371 normais. O Hoje em Dia teve acesso ao Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

No relatório referente a 2012, a Secretaria Municipal de Saúde reconheceu que Juiz de Fora seguiu a tendência nacional apresentada na última década, de elevação dos índices de cesarianas, variando de 52,8% em 2000 para 61,6% em 2010. No ano passado, o percentual de nascimentos por meio de cirurgia, em Juiz de Fora, foi recorde, correspondendo a 64,3% do total de partos. “Um dado preocupante no município é que, entre as mulheres na primeira gravidez, o índice de partos operatórios é ainda maior, alcançando 68,2%”.

Iziana Ângela Almeida, de 18 anos, optou por uma cesárea no nascimento do primeiro filho. Ela disse que, durante o pré-natal, ficou indecisa e a escolha aconteceu pouco antes do parto. “O médico falou que eu não tinha condições. Então, aceitei, mas não me arrependo. No dia seguinte, eu já estava andando”.


Viva Vida

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um percentual máximo de cesáreas, de 15%. A Secretaria de Estado da Saúde, através de sua assessoria de imprensa, garante que aplica programas de incentivo ao parto normal, como o “Viva Vida” e “Mães de Minas”.

Até o fim do ano que vem, o Ministério da Saúde deverá investir R$165,5 milhões na implantação de Centros de Parto Normal (CPN), em todo o país, por meio do Rede Cegonha. Dos 853 municípios de Minas, 94% deles fazem parte do sistema que promete incentivar o parto normal. No entanto, ainda não foi definido quanto Minas vai receber e onde serão construídos os centros.

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