Cinco mil apitos que auxiliarão mulheres em casos de importunação sexual no transporte coletivo de BH serão distribuídos a partir desta quarta-feira (31) em ônibus e estações da cidade. Representantes das empresas de transporte de passageiros participaram de um treinamento na sede da Transfácil, responsável pela bilhetagem dos ônibus municipais, na tarde desta segunda-feira (29). Botões de pânico também funcionarão a partir da data em cerca de três mil ônibus da capital.

Os "multiplicadores", como foram chamados os representantes, receberam orientações de agentes femininas da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH). De acordo com a corporação, a nova função do botão, que já serve para outras finalidades como acionar autoridades em casos de assaltos e incêndio, por exemplo, garantirá maior poder às vítimas.

Aline Oliveira, guarda civil municipal que capacitou os representantes, explicou que o novo instrumento nos coletivos servirá para reduzir número de casos enquadrados como importunação sexual. "Temos registros de assédio, mas a maior parte dos casos é subnotificada. A mulher tem muito medo de levar isso a conhecimento das autoridades policiais", falou a agente. Ainda de acordo com ela, com o recebimento dos apitos, a expectativa da corporação é "empoderar" as mulheres que utilizam o serviço, com o apito servindo para chamarem a atenção e inibirem o agressor sempre que se sentirem importunadas sexualmente. "Elas precisam entender que não estão sozinhas", pediu a guarda. 

Além da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH), o consórcio Transfácil, empresa responsável pela venda bilhetagem dos ônibus municipais, e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) estarão na linha de frente. Chefe do Departamento de Transportes do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), Roberto Lemos, também informou como o serviço deverá funcionar. 

"Não entendemos que o motorista ficará sobrecarregado com a nova função, uma vez que o botão já existe, mesmo que com outras finalidades, no ônibus. Portanto, ele será acionado quando o condutor perceber algum caso de importunação sexual. Dessa maneira, viaturas da GMBH, que têm acesso em tempo real de onde o veículo está, interceptarão o veículo", explicou.

Levantamento

Na semana passada, o Hoje em Dia mostrou que os casos de assédio a mulheres no transporte de passageiros em Minas triplicaram de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2017, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), 15 casos foram notificados. Neste ano, o número saltou para 48.

Entretanto, especialistas garantiram que o número é subnotificado, já que nem todas as ocorrências são denunciadas. No mês passado, a importunação sexual tornou-se crime tipificado no Código Penal e a pena para quem se enquadrar é de 1 a 5 anos de prisão.

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