Aplicativos de transporte já são a opção de uma a cada quatro pessoas no trajeto para o Centro de BH

Raul Mariano e Simon Nascimento
25/03/2019 às 20:48.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:57
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Maior adesão aos aplicativos de transporte e menor utilização dos ônibus. É dessa forma que o belo-horizontino tem escolhido se deslocar pelo hipercentro da cidade, segundo a pesquisa de Mobilidade Urbana apresentada, ontem, pela Fecomércio-MG. 

A amostra revelou que mais da metade dos moradores da cidade (53%) estão insatisfeitos com o sistema de trânsito na capital. O cenário, inclusive, tem feito com que os motoristas deixem os carros em casa para usar plataformas digitais. Conforme o levantamento, os aplicativos são a segunda opção dos consumidores no deslocamento para compras no Centro.

Ao todo, 24% dos entrevistados preferem utilizar serviços como Uber, Cabify e 99 nesse percurso. Em 2017, ano da última pesquisa, somente 18% optavam pelas plataformas. O índice é menor apenas do que o do uso do carro próprio (33,8%). 

Os motivos, conforme o estudo, são tráfego intenso, dificuldade para parar nas vias públicas na região central e o preço dos estacionamentos.

Tendência

Economista responsável pela pesquisa, Guilherme Almeida acredita que a tendência é a de que o uso dos apps já apareça na liderança no próximo estudo, em 2021. 

“Este posto de protagonismo deverá ser ocupado pelo custo-benefício e comodidade. Pensando pela ótica dos consumidores, o uso do aplicativo implica no fim da dor de cabeça para estacionar, além da fuga dos congestionamentos”, avalia.

É essa uma das principais razões para que o operador de telemarketing Jamil Gabriel, de 34 anos, tenha cada vez mais optado pelo transporte pelas plataformas. “Além da praticidade, conforto e segurança, é barato”, avalia. Maurício Vieira / N/AJamil Gabriel e Maxwell Marques usam os aplicativos pelo preço e conforto

Em paralelo, as reclamações em relação aos ônibus são comuns. “O pior é o tempo de espera, que aumenta nos fins de semana”, afirma Miriam Maciel, de 31, que sai diariamente do Prado (zona Oeste) em direção ao Vale do Jatobá, no Barreiro. “Isso sem falar na tarifa que é caríssima para a qualidade do serviço”, critica.

Ressalvas

O possível boom dos aplicativos de transporte é encarado com desconfiança pelo mestre em engenharia de Transportes e professor da UFMG Paulo Rogério Monteiro. Ele avalia que o uso cada vez mais intenso das plataformas exige uma regulamentação por parte do poder público. 

O projeto de lei 490/2018, de autoria da PBH, que prevê a regularização, já foi aprovado em primeiro turno na Câmara Municipal.

“Não significa engessar o modelo, mas é preciso regular o que pode e o que não pode, de maneira que permita uma evolução do serviço ofertado”, avalia Monteiro. “É preciso ter o mínimo de controle sobre quem dirige o carro”, opina.

Já para Márcio Aguiar, professor do curso de engenharia de transporte e trânsito da Universidade Fumec, regular os aplicativos não é o caminho. 

“A regulamentação pode sinalizar o fim das plataformas na cidade. Vai inibir as empresas e elas podem ir embora como já ocorreu em alguns lugares”, analisa. 

O docente lamenta que os coletivos sejam a única opção para a população. Ele defende a expansão do metrô, por meio de financiamentos e parcerias público-privadas, como solução para melhorar a mobilidade na capital. 

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