Apontada como 'vacina' contra a Covid-19, vitamina D em excesso pode fazer mal

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
20/04/2020 às 09:48.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:19

A preocupação em se manter saudável nestes tempos de pandemia para evitar consequências mais graves em caso de contaminação pelo novo coronavírus pode levar algumas pessoas a adotar medidas disseminadas muitas vezes pelas redes sociais e que ameaçam surtir efeito contrário, fazendo mal à saúde. 

Uma dessas indicações que têm circulado, mas que são questionadas pelos médicos, diz respeito ao consumo da vitamina D. É comum lermos, em textos de fontes não científicas, que consumir vitamina D e tomar sol pode ajudar a evitar a contaminação pela Covid-19 ou mesmo proteger contra manifestações mais graves da doença. Mas, não é bem assim.

Não há estudo demonstrando isso. “O pessoal está falando que tomar vitamina D melhora a imunidade e possibilita que, sendo contaminado pelo novo coronavírus, se tenha uma infecção mais suave. Isso não é verdade, não tem comprovação científica. Disseminar isso é agir de má-fe, querendo vender produto”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (Sbem-MG), Adauto Versiani.

O médico pondera que um jornal italiano divulgou estudo relacionando casos mais graves de Covid-19 a pacientes com níveis menores de vitamina D. Ele aponta que é muito provável que esses doentes mais graves tivessem comorbidades como diabetes e obesidade e que, geralmente, essas pessoas tomam menos sol. A obesidade, afirma, sequestra a vitamina D. “Portanto, não é causa e efeito de que se eu aumentar a vitamina D vou melhorar, se infectado pela Covid-19”, alerta.

Do ponto de vista científico, detalha Versiani, a vitamina D é boa para melhorar a massa óssea. Se a pessoa tiver um nível menor do que 20%, há a possibilidade de ter defeito na minera-lização óssea. No entanto, pode-se ter boa massa óssea até com os níveis de vitamina D abaixo de 20%. De maneira geral, níveis acima de 30% costumam garantir uma boa massa óssea, informa o médico.

Recomendações

Assim, de acordo com Versiani, para quem tem osteoporose, é gestante ou lactante e histórico familiar de osteoporose, é bom que se mantenham os níveis acima de 30%. Para os demais, acima de 20% de vitamina D já é suficiente. “Não é possível afirmar que aumentar a vitamina D evita doença autoimune. Eu não consigo, melhorando os níveis de vitamina D, me curar de doenças autoimunes”, reafirma.

A preocupação da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, aponta Versiani, é que há pessoas que têm consumido doses extremamente grandes de vitamina D e isso pode ser maléfico. Ele explica que a vitamina D é lipossolúvel, não é eliminada do organismo quando em excesso. E isso pode gerar hipercalcemia, que leva a problemas de equilíbrio, crise convulsiva e cálculo renal, já que o excesso de cálcio no sangue é capaz de aumentar a perda de cálcio pela urina.
“Tudo o que leva a uma vida saudável, como atividade física, ingestão de menos gordura e de mais legumes, verduras e frutas, melhora o sistema imunológico para combater viroses que venham a nos acometer. Faz bem para a saúde tomar sol. 

Assim como tomar vitamina D, com recomendação médica, para se manterem os níveis necessários no organismo. Mas sem extremismos”, ensina.

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