Atendimento comprometido na Santa Casa de Caeté

Renato Fonseca e Alessandra Mendes - Hoje em Dia
20/11/2014 às 07:25.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:05
 (Samuel Costa/ Hoje em Dia )

(Samuel Costa/ Hoje em Dia )

Único hospital de Caeté, na Grande BH, e referência na prestação de serviços em saúde para outros três municípios da região, a Santa Casa enfrenta uma crise financeira. O atendimento foi reduzido em praticamente todos os setores, desde a última terça-feira.   Alguns procedimentos, como partos por cesarianas e consultas eletivas, estão suspensos e não há previsão de retorno. A dificuldade é resultado do atraso no repasse de verbas estaduais e federais, segundo a direção da unidade.   Por dia, pelo menos cem consultas são feitas na porta de entrada do hospital, o Pronto-Atendimento. Agora, só os casos de urgência e emergência serão atendidos. Já as cirurgias eletivas têm média de 20 procedimentos, ao mês. A falta de dinheiro em caixa teria obrigado a instituição a cancelar quatro operações agendadas para esta semana.    “Além dos moradores de Caeté, o hospital recebe pacientes de Nova União, Taquaraçu de Minas e Sabará”, informou a superintendente geral, Flavia Alencar. Ela evitou dar detalhes do déficit exato nas contas, mas garantiu que verbas do Estado e da União estariam atrasadas há dois meses. “Solicitamos à prefeitura que adiantasse alguns repasses municipais. O hospital não vai fechar, mas estamos operando acima do nosso limite de capacidade”, acrescenta.   O corpo clínico, formado por 40 médicos, elaborou um documento para informar a redução e o cancelamento dos atendimentos. O texto informa que as internações estão suspensas e que os atuais pacientes serão realocados para a Central de Leitos estadual.   As mudanças causam transtornos diretos à população. Na última terça-feira, a dona de casa Priscila Juliene de Assis, de 24 anos, buscava por atendimento para o filho Rodrigo, de 2, que tinha febre alta. Ela aguardava no hospital há mais de duas horas. “Fiquei sabendo da redução e isso prejudica muito as pessoas que vem até aqui. Ir até Belo Horizonte é difícil, pois é muito longe”, disse Priscila. “Sem a redução, o atendimento já é ruim. Agora, piorou muito”, completou a operadora de caixa, Aline Cristina Torres, de 27 anos.   REPASSES   O Ministério da Saúde informou que os repasses para a Santa Casa de Caeté estão em dia. Neste ano, foram repassados R$ 958,7 mil pelos atendimentos realizados. A unidade recebe, anualmente, R$ 423,9 mil em incentivos pagos pelo governo federal. O Ministério da Saúde reforçou que os recursos são enviados para Fundo Estadual de Saúde.   Já Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) não informou se esses recursos, disponibilizados pelo governo federal, foram repassados. Em nota, a pasta esclareceu, apenas, os valores estaduais disponibilizados. Por ano, são feitos repasses à Santa Casa, por meio do programa Pro-Hosp. Em 2014, estão previstos R$ 145,7 mil, divididos em 3 parcelas.   Em 20 de outubro foram pagos R$ 37,9 mil e em 18 de novembro R$ 40, 9 mil.    Os dois valores sofreram descontos de 21% e 15%, respectivamente, devido ao descumprimento de metas pactuadas entre a secretaria e a instituição. Os valores descontados ultrapassam R$ 17 mil. O pagamento da terceira e última parcela está previsto para dezembro.

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