Audiência pública irá discutir invasão da Polícia Civil ao estúdio da Itatiaia

Thais Oliveira - Hoje em Dia*
11/12/2014 às 14:37.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:20
 (Reprodução/YouTube)

(Reprodução/YouTube)

Está marcada para a próxima terça-feira (16), às 16h, uma audiência pública para discutir a invasão de policiais civis ao estúdio da rádio Itatiaia para cumprir um mandado de prisão. Armando Júnio Pereira da Cruz foi detido, na terça-feira (9), no momento em que concedia uma entrevista à emissora em decorrência da operação “Lavagem III”. O suspeito é marido da vereadora de Confins, Flávia Renata Oliveira Silva Cruz.   A audiência pública será realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). De acordo com a ALMG, foram convidados para participar da reunião o jornalista Eduardo Costa, que apresentava um programa ao vivo na hora da invasão dos policiais; o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol-MG), Denilson Martins; e o corregedor-geral da Polícia Civil, Renato Patrício Teixeira.   O presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, deputado Durval Ângelo, disse que a ação dos policiais foi absurda e que a audiência irá discutir a forma como foi feita a prisão do suspeito. "A Constituição de Minas aborda sobre o princípio da legalidade, mas existe também o princípio da razoabilidade. Faltou razoabilidade por parte dos policiais, pois eles poderiam ter aguardado o fim da entrevista para ratificar a prisão. Reforço que a ação foi legal, mas faltou bom senso, já que o programa estava ao vivo", afirmou.   O deputado aponta também para outra questão polêmica. "O Eduardo Costa e o Carlos Viana (também jornalista da Itatiaia) afirmaram depois (da prisão) que o detido (Cruz) estava na emissora para denunciar de policiais envolvidos no mesmo esquema de corrupção (investigado pela operação 'Lavagem III'). Essa questão é gravíssima se for verdadeira".   De acordo com Durval, a audiência irá debater ainda supostas agressões e xingamentos feitas por Eduardo Costa aos policiais. Segundo ele, as acusações constam no boletim de ocorrência feito pela PC. "O jornalista (Eduardo Costa) nega as acusações. Ele afirma que possui gravações de áudio e vídeo que provam que não agrediu e xingou os policiais. Então, alguém está mentindo".   A assessoria da Polícia Civil disse que é prática da corporação fazer um Reds (boletim de ocorrência) para cada cumprimento de mandado de prisão. Por isso, nessa terça-feira, os policiais envolvidos no caso registrou um Reds, no qual foi relatado como ocorreu o cumprimento do mandado de prisão de Cruz. Segundo a PC, o documento não aponta nenhuma agressão. Porém, a corporação confirma que há relatos de ofensas verbais feitas por jornalistas da rádio, incluido o Eduardo Costa.   Ainda conforme o deputado, durante a audiência, será discutida a possibilidade do afastamento dos policiais envolvidos na prisão de Cruz de suas funções.   Em nota, a Polícia Civil diz que a Corregedoria Geral irá investigar a ação dos policiais. "O corregedor geral adjunto, delegado Antônio Gama, já esteve na emissora, onde recolheu imagens de vídeo que registram a ação e levantou informações para elaboração do relatório preliminar capaz de subsidiar o procedimento investigativo.  A Polícia Civil reafirma que rejeita quaisquer práticas que atinjam a liberdade de imprensa, atributo que caracteriza a reconhecida independência dos veículos de comunicação do nosso país", diz a nota da PC.   Veja imagens do circuito interno da rádio (a invasão acontece aos 4min10)

 

     
Operação Lavagem III
  O objetivo da operação é apurar o envolvimento do presidente da Câmara Municipal de Confins, o vereador Aladir José Pessoa de Souza, e de outros suspeitos que estariam envolvidos no esquema de fraude, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e corrupção.   Segundo o delegado Jonas Tomazi, responsável pela operação, sete pessoas haviam sido presas, incluindo o marido da vereadora Flávia, até a publicação desta reportagem. Ao todo, a polícia pretende cumprir 24 mandados de busca e apreensão e diversos de prisão preventiva e temporária.    A operação acontece simultaneamente em Belo Horizonte, Confins, Vespasiano, Sete Lagoas e Santa Luzia. São 115 policiais, incluindo de delegacias especializadas, trabalhando para cumprir os mandados.   De acordo com Tomazi, a sociedade precisa conhecer a importância da investigação em "reprimir a criminalidade do colarinho branco". E acrescentou ainda que esse tipo de crime é o "responsável pelo desvio do dinheiro público e consequentemente má prestação dos serviços básicos à sociedade, como educação, saúde e segurança".   A operação “Lavagem III” foi deflagrada no dia internacional de combate à corrupção, em decorrência das operações "Lavagem I" e "Lavagem II".   *Com informações da repórter Cristina Barroca.

Atualizada às 19h36

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por