Foram registrados no Brasil, no ano passado, mais de 47 mil homicídios. Minas não é o Estado onde mais se mata, apesar de ser também violento como o restante do país. Ocupamos o 19º lugar nesse triste ranking, de acordo com o 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Foram registrados em Minas 3.924 homicídios.
Não se pode atribuir essa violência à falta de investimentos. O governo de Minas gastou, no ano passado, R$ 7,5 bilhões com a segurança pública, 19% mais do que no ano anterior. É um esforço inegável, mas os resultados estão longe do desejável. Considerando-se a população e o número de assassinatos, estamos em situação pior que Amapá, Santa Catarina e São Paulo. Em Minas, a taxa é de 22,5 homicídios por grupo de 100 mil habitantes, enquanto não chega a 10 no Amapá e a 12 em Santa Catarina e São Paulo.
Nos gastos do governo de Minas com a segurança pública estão incluídos R$ 2,59 bilhões com os aposentados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), além de investimentos em presídios. No ano passado, foram criadas 870 vagas em três novas penitenciárias. Mas, de acordo com o estudo produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado na edição de ontem deste jornal, Minas ainda tem um déficit de mais de 18 mil vagas no sistema prisional.
Esse problema poderia ser minimizado se o Poder Judiciário fosse mais ágil. Pessoas são mantidas por longos períodos em celas superlotadas de delegacias de polícia à espera de julgamento. De acordo com o estudo, 58,1% dos presos estão nessa situação.
O secretário Rômulo Ferraz, da Seds, acredita que o crime violento aumentou em Minas desde 2010 por causa do maior consumo de drogas e das dificuldades de reposição do efetivo policial. A carreira policial vem perdendo prestígio. Pesquisa feita pela Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, mostrou que sete em cada dez pessoas no Brasil afirmam não confiar na polícia.
Sem o reconhecimento social, fica mais difícil convencer um jovem bacharel de Direito a ingressar na carreira como delegado de polícia, para ganhar pouco mais de R$ 7 mil por mês. Conforme o 7º Anuário, esse era o valor pago pelo governo de Minas a um delegado em início de carreira, no fim de 2012. Somente o governo paulista pagava pior, entre todos os Estados.
Não é o bastante, porém, elevar o salário dos policiais em todos os níveis, para melhorar a segurança pública. Recentemente, foram presos quatro auditores fiscais da prefeitura da capital paulista que ganham por mês mais de R$ 15 mil. Estavam entre os funcionários mais bem pagos, mas continuavam insatisfeitos e furtando milhões de reais de impostos municipais.
Talvez seja eficaz investir bem mais em escola integral para jovens até 18 anos. Educação pode ser melhor que repressão.