Avanço do novo coronavírus força adoção de medidas extremas, mas requer prudência e não pânico

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
13/03/2020 às 21:20.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:57
 (© Warley de Andrade/TV Brasil)

(© Warley de Andrade/TV Brasil)

Shows e viagens canceladas, futebol sem plateia, fronteiras fechadas, quarentena, home office obrigatório, contato físico mínimo. Medidas necessárias para conter a explosão dos casos de Covid-19, afirmam especialistas. A doença já tem 98 casos confirmados no Brasil (até nesta sexta-feira) e se espalha na mesma velocidade das informações, verdadeiras ou falsas, que circulam sobre a pandemia. 

Fato é que a onda de medo – que atingiu em cheio a economia, afetou relações pessoais e de trabalho, além de demandar uma reorganização do sistema de saúde – também precisa de remédio. Do contrário, corre-se o risco de transformar o próprio vírus em um “mal menor” diante do caos que se instalou.

O avanço da enfermidade levou a uma corrida às farmácias por máscaras e ao aumento de mais de 160% no preço do álcool gel em apenas uma semana. Há quem tenha desmarcado visita a familiares e até cancelado participação em cursos, alegando ser preciso guardar dinheiro para comprar comida num eventual cenário de escassez.

Notícias falsas

Esse comportamento é, muitas vezes, gerado pelas fake news. “Elas podem contribuir para que a sensação de medo coletivo se instale e se perpetue”, alerta o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABI), Antônio Geraldo da Silva.

A preocupação sobre o novo mal já é assunto em consultórios médicos. Segundo o psiquiatra Maurício Leão Rezende, da Unimed-BH, até certo ponto, a população está vivendo uma “histeria coletiva”. “Quando, em nome da preocupação em relação à infecção desconhecida e disseminada rapidamente, começa a se controlar toda e qualquer circulação, gerando paralisia da sociedade como um todo. Isso (restrição), inclusive, se contrapõe às autoridades, que afirmam ser uma doença com letalidade baixa”. 

O crescimento dos casos por aqui já era esperado, destaca Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). O médico diz, no entanto, não haver motivo para pânico. “A letalidade, em comparação com outras doenças, é de 3,4%, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Por outro lado, a da Sars (pandemia na década passada que deixou 800 mortos) era de 9,6%”.

O problema do novo coronavírus está na disseminação, que é mais rápida. “Um doente infecta até 2,7 pessoas. Já a taxa do H1N1 (que assolou o mundo em 2009) foi de 1 para 1,5. Vale ressaltar que uma pessoa com sarampo, para o qual há a vacina como forma de prevenção, transmite o vírus para outras 18”, pondera Leonardo Weissmann.

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