Bactéria da febre maculosa é encontrada em carrapatos na orla da Pampulha e Cidade Administrativa

Juliana Baeta e Renata Evangelista
26/06/2019 às 12:58.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:16
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

A febre maculosa, que já matou quatro pessoas em Contagem, está mais próxima do belo-horizontino. A prefeitura da capital identificou a bactéria que provoca a doença em carrapatos que estavam nas vegetações da orla da Lagoa da Pampulha e da Cidade Administrativa.

De acordo com o subsecretário de Saúde de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta, a PBH está tomando medidas suficientes para reduzir o risco de contaminação, conforme as normas do Ministério da Saúde.

"Não há necessidade de se ter outro tipo de medida, porque todas as ações já têm sido feitas. Inclusive, o encontro dos carrapatos contaminados é fruto do trabalho realizado pela prefeitura. Devido à época de maior proliferação do carrapato (de junho a novembro), as ações são intensificadas, como capinas sistemáticas em diversas regiões da cidade", esclarece.

O subsecretário reforça a necessidade de a população colaborar com atitudes preventivas. "Se você vai em qualquer local, na zona urbana ou rural, onde sabidamente há risco de ter carrapatos, você não vai ficar descoberto ou deitado por horas no mato. Não se deve ser imprudente", diz.

Identificação

A incidência da bactéria nessas regiões da capital mineira foi confirmada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), a partir da coleta dos aracnídeos feita pelos agentes municipais de zoonoses.

Os resultados se referem ao primeiro exame realizado em abril pela entidade. Os laudos das últimas amostras enviadas à Funed, neste mês, ainda não foram liberados, conforme a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte (SMSA). A próxima coleta de espécimes acontecerá em agosto.

Recentemente, a pasta declarou que todos os roedores que habitam a Lagoa da Pampulha foram capturados, esterilizados e receberam carrapaticida. Depois, foram soltos novamente, sem a presença do aracnídeo. No entanto, de acordo com o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses da Funed, Marcos Vinícius Ferreira Silva, isso não significa que o local esteja imune.

"Há vários fatores envolvidos no ciclo da doença. Por exemplo, como as capivaras são animais migratórios, pode ter acontecido de uma ter vindo de outro local e ficado por ali. Além disso, os carrapatos não necessariamente parasitam somente as capivaras, mas também animais como cavalos e cachorros", explica.

Preocupação

Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, a incidência da bactéria em ambas as regiões de Belo Horizonte é preocupante. "É motivo de preocupação sim, dependendo do nível de infestação. Obviamente, as pessoas devem evitar frequentar locais onde a infestação é alta. A probabilidade de contaminação pela doença é maior dependendo de quanto tempo o carrapato fica na pele", explica.

As pessoas, orienta o especialista, devem, após passar por esses locais, fazer uma autovarredura pelo corpo para se certificar que não há carrapatos.

Veja, abaixo, as medidas de autoproteção indicadas por médicos infectologistas.

Interdição

Questionado sobre a possibilidade de interdição dos locais onde foram identificados carrapatos infectados, o subsecretário Fabiano Pimenta, declarou que a PBH nunca hesitou em adotar medidas de restrição de acesso em casos de surtos.

Ele usou como exemplo o fechamento temporário do Parque das Mangabeiras, no ano passado, devido às ocorrências de febre amarela. Mas, em relação à febre maculosa, ele acredita não ser o caso neste momento. "As medidas que a prefeitura de BH está realizando são suficientes”, reiterou.

Cidade Administrativa

O gramado da sede do Governo de Minas, onde também foram encontrados os aracnídeos, está sujeito à aparição dos naturais hospedeiros dos carrapatos-estrela, informou a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).

Conforme nota encaminhada pela pasta, "a Cidade Administrativa faz o acompanhamento junto aos órgãos competentes e realiza dedetização das áreas internas e externas dos prédios, periodicamente. Lembramos, ainda, que os serviços de poda, roçagem e capina estão ocorrendo normalmente em parceria com outros órgãos e entidades estaduais".  

Orientações

Pessoas que moram perto de áreas com possibilidade de existência do carrapato-estrela devem examinar o corpo a cada três horas, usar roupas claras e compridas, colocar barras da calça para dentro da meia e usar sapatos fechados. Outras orientações são:

- Se encontrar um carrapato no corpo, o recomendável é utilizar uma pinça e retirar o parasita pelo bico. Apertar o animal com os dedos pode fazer com que o sangue caia na corrente sanguínea do ser humano.

- Outro alerta é para as pessoas não matarem as capivaras. O carrapato-estrela é hospedeiro de animais que estão com sangue quente. Quando um animal morre, o carrapato procura outro ser vivo para se alimentar e o perigo pode se espalhar ainda mais.

- O abandono de animais em outras regiões também pode fazer com que a doença se espalhe. A responsabilidade pela higienização é dos donos.

Tratamento precoce é essencial

Ao primeiro sinal da doença, a orientação é procurar atendimento médico imediatamente, já que o tratamento precoce é essencial para evitar formas mais graves da febre maculosa e até mesmo a morte, segundo o Ministério da Saúde. Veja abaixo alguns sintomas:

- Febre acima de 39ºC e calafrios, de início súbito;

- Dor de cabeça intensa;

- Náuseas e vômitos;

- Diarreia e dor abdominal;

- Dor muscular constante;

- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;

- Gangrena nos dedos e orelhas;

- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória;

- Além disso, com a evolução da febre maculosa é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

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