Barragem não é feita para romper, diz Ibram sobre acidente em mina de Itabirito

Hoje em Dia*
10/09/2014 às 18:04.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:09
 (Guilhermino/Divulgação)

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  A mineradora Herculano Mineração Ltda não é associada ao Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). A informação foi confirmada pelo diretor de Assuntos Ambientais do órgão, Rinaldo Mancin. “Não sei se a empresa nos procurou, pois não existe esse histórico no Ibram”, disse.A empresa é a responsável por operar a mina, em Itabirito, região Central de Minas Gerais, que teve uma de suas barragens rompidas na manhã desta quarta-feira (10). Duas mortes já foram confirmadas pelos bombeiros. Outras três pessoas trabalhavam no local, sendo que uma ficou ferida e foi levada para o Hospital João XXIII. Um trabalhador ainda está desaparecido. Vinte e um bombeiros atuam no local, além de dois helicópteros.   O diretor do Ibram afirmou que é incomum o rompimento de barragens. “Barragens não são feitas para romperem. Atualmente, existem tecnologias e regulamentações que asseguram a estabilidade das barragens. Por isso, é quase impossível que haja o rompimento”, afirmou. Conforme Mancin, em 2010, foi aprovada a Lei 12.334/2010 que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragem. Além disso, ele explicou que a estabilidade das barragens exigem plano de monitoramento e manutenção constante. “Se houve um acidente é porque algo fugiu do plano”, completou.   Mancin lembrou ainda o rompimento da barragem de uma mineradora, que ocorreu em Miraí, na Zona da Mata mineira, em janeiro de 2007. Na madrugada do acidente, a cidade ficou inundada após um temporal e mais de 4 mil moradores ficaram desalojados. “Por causa do grande volume de água, a barragem se rompeu. Mas estamos em um período de seca. Então, como explicar o rompimento da barragem na mina de Itabirito?”, indagou o diretor do Ibram.    Para o instituto a explicação do rompimento da barragem pode estar em um fator externo. “Chegou a notícia de que uma obra estava sendo feita no local. Pode ser que a causa do rompimento esteja ligada a essa obra, mas não há como afirmamos, pois não somos peritos. De toda forma, acreditamos que um motivo externo provocou o rompimento”, afirmou o diretor.      O acidente   O Corpo de Bombeiros ainda procura por um trabalhador, que desapareceu após o deslizamento de terra, registrado na manhã desta quarta-feira (10), em uma mina da Herculano Mineração Ltda, em Itabirito, região Central do Estado. Segundo o tenente-coronel André Gerken, do comando operacional do Corpo de Bombeiros, Adilson Aparecido Batista, de 44 anos, operador de retroescavadeira, ainda está desaparecido. A suspeita é que ele teria tentado escapar do acidente. A Polícia Civil já abriu um inquérito para apurar as causas da tragédia.   Duas mortes já foram confirmadas pelos bombeiros. Outras três pessoas trabalhavam no local, sendo que uma ficou ferida e foi levada para o Hospital João XXIII. Vinte e um bombeiros atuam no local, além de dois helicópteros.   Conforme Gerken, na mina, havia quatro barragens, sendo duas de água e duas de rejeitos. A barragem “B3”, de rejeitos, se rompeu, provocando o deslizamento de terra. Adilson estava operando uma retroescavadeira na hora do acidente. Como somente a máquina foi encontrada, os bombeiros suspeitam que ele percebeu que a barreira tinha se rompido e tentou sair do local.    Ainda pela manhã, os bombeiros retiraram o corpo de Reinaldo da Costa Melo, de 68 anos, topógrafo, que, no momento, estava fazendo uma medição embaixo da barragem “B3”. A morte de Cristiano Fernandes Silva, de 32 anos, motorista de caminhão, também foi confirmada. Os bombeiros trabalham para a retirada do corpo, que ainda está dentro do veículo.   Geraldo Matozinho Moreira teve uma fratura externa em uma das pernas e foi socorrido para o Hospital João XXIII.   Investigação   As causas do acidente ainda não foram esclarecidas. A delegada Mellina Isabel Silva, da Delegacia de Itabirito, instaurou um inquérito para investigar o que levou uma das barragens de rejeito a se romper. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil (PC), a delegada sobrevoou o local e tirou diversas fotos.    Conforme informações do Corpo de Bombeiros, existem relatórios que atestam a estabilidade da barragem. Esses relatórios são de 2013 e valem por um ano. Além disso, a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) esteve na mina em 21 de agosto e também avaliou que estava tudo dentro dos conformes.    Mineradora lamenta a tragédia   Em nota enviada à imprensa, a Herculano Mineração LTDA lamentou o acidente ocorrido na manhã desta quarta-feira (10), por volta das 7h30.   “A empresa informa que ainda estão sendo apuradas as causas do acidente, tanto por seu corpo técnico quanto pelas autoridades locais (Corpo de Bombeiros, Polícias Militar e Civil, Defesa Civil e órgãos ambientais). De acordo com essas autoridades, infelizmente foram confirmadas duas vítimas fatais e um)funcionário ainda não foi localizado. A empresa está prestando todo suporte às famílias dos envolvidos. Todas as medidas estão sendo tomadas no sentido de garantir a integridade de seus funcionários e minimizar os prejuízos à comunidade local e ao meio ambiente”, diz a nota.   Transtorno   Por causa da tragédia, cerca de 300 famílias de um condomínio estariam sem fornecimento de água e luz. Segundo Ladislau Oliveira, que se identificou como gestor do Vila Bela, os rejeitos desceram e romperam uma estação de captação de água.   A captação, conforme ele, é legal, concedida pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e fica às margens do Rio Silva. Um Boletim de Ocorrência será registrado na Polícia Militar sobre o caso.   Outros casos   Em 2001, o rompimento de uma barragem da Mineração Rio Verde matou cinco operários, destruiu a principal via de acesso e soterrou parte de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Foram necessários vários meses para recuperar os estragos causados pelo acidente.   *Com informações das repórteres Raquel Ramos, Renata Evangelista e Thais Oliveira

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