Belo Horizonte tem alta de acidentes com cerol

Letícia Alves - Hoje em Dia
15/07/2014 às 09:12.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:23
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Doze anos depois da entrada em vigor da Lei do Cerol (Lei 14349, de 15/07/2002), a mistura de vidro moído e cola nas linhas usadas para soltar papagaio continua um risco para motociclistas e ciclistas. Durante as férias escolares prolongadas por causa da Copa do Mundo, o número de ocorrências ligadas ao uso de linha com cerol subiu quase 70% em junho, totalizando 12 vítimas encaminhadas para o Hospital João XXIII.

Entre 2011 a 2013, o número de vítimas aumentou 66%, totalizando 45 ocorrências no ano passado. A situação ficou ainda pior com a facilidade para comprar, pela internet, uma versão industrializada do perigo, com quatro vezes mais poder de corte do que o cerol. É a chamada linha chilena.

As consequências mais temidas e mais comuns são cortes profundos, principalmente no pescoço, e quedas para quem anda de moto ou bicicleta. Há também riscos para quem utiliza as linhas para incrementar a brincadeira, como lesões nas mãos e choques, uma vez que o cerol é um condutor de eletricidade.

A consultora de vendas Keiko Ogawa, de 36 anos, foi vítima do cerol por três vezes em sua moto. No primeiro incidente, no viaduto São Francisco, ela teve cortes no pescoço e em dois dedos. “Fiquei muito abalada. Pensei que não fosse sobreviver”, disse.

Após o episódio, Keiko instalou a antena de proteção na moto, mas nem por isso o cerol deixou de ser problema. Quando trafegava pela avenida Abílio Machado, cortou a calça, teve o farol danificado. Só não machucou o pescoço por causa do equipamento de segurança. “Hoje, ando com muita atenção, mesmo com a antena e proteção no pescoço”, contou.

O servidor público Alexandre Bertolino, de 31 anos, também teve uma surpresa desagradável no Anel Rodoviário, sentido bairro São Gabriel. Voltando para casa no domingo, ele não se preocupou em levantar a antena de proteção da moto. Só não se machucou gravemente porque estava com a jaqueta fechada até o pescoço.

“A linha cortou minha jaqueta e depois o meu pescoço. Arrebentei ela com a mão. Só não foi mais grave por causa da proteção da jaqueta”.

Exemplo

O guarda municipal Soares Araújo usa o acidente com cerol, há seis anos, como exemplo para alertar motociclistas e ciclistas.
Ele já precisou de 15 pontos após ter o pescoço cortado. “Mostro a cicatriz e falo da importância do uso da anteninha”, contou Araújo, que vendeu a moto depois do acidente.

Para reduzir os acidentes envolvendo o uso do cerol e linha chilena, o Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas e Ciclista de MG recomenda a utilização de antenas protetoras e atenção redobrada em dias com mais vento. “Se está ventando e tem papagaio no céu, com certeza, vai ter linha atravessada na pista.

É preciso ficar atento”, afirmou o presidente do sindicato, Rogério dos Santos.

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