Belo-horizontinos mostram como atitudes individuais podem beneficiar a todos e ao meio ambiente

Renato Fonseca - Hoje em Dia
05/06/2014 às 06:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:52
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Dar fim ambientalmente correto aos resíduos da fritura, reaproveitar a água da chuva ou da máquina de lavar, separar o lixo comum do reciclável e utilizar a energia solar, só para ficar em alguns exemplos. Na caminhada rumo à sustentabilidade, atitudes conscientes, individuais ou coletivas, fazem cada vez mais parte do cotidiano do belo-horizontino.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quinta-feira (5), moradores da capital dão o bom exemplo e mostram a possibilidade de contribuir para a preservação da natureza, mesmo vivendo em uma metrópole. Na maioria dos casos, não é preciso uma mudança radical nos afazeres do dia a dia, como mostra o casal Alda Mello, de 64 anos, e Sérgio Motta Mello, de 69. Há exatos dez anos, eles fazem a coleta seletiva, separando o lixo em caixas apropriadas. 

Quatro recipientes foram instalados nos fundos da residência, no bairro Mangabeiras, zona Sul de BH. Cada cor representa um material específico: vermelho para o plástico; azul para o papel; verde para o vidro. No amarelo, vãos os metais. 

“É uma ação simples e ainda gera emprego e renda para centenas de pessoas”, destaca Sérgio. “Há dois anos contamos com o caminhão da prefeitura, que busca o material na porta. Mas, antes, levávamos uma vez por semana até uma praça, onde existia grandes lixeiras para a separação”, conta Alda, que também aproveita a água da máquina de lavar roupa para limpar o quintal.

A coleta porta a porta, a qual a moradora se refere, é feita pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). O sistema está presente em 34 bairros e atende a 120 mil domicílios.

Na mesma região da cidade, outro exemplo contribui diretamente para evitar a contaminação das águas. Um prédio de 11 andares do bairro Santo Antônio conta com um sistema de coleta de óleo de cozinha usado em todos os 18 apartamentos. Resíduos de frituras são descartados em uma espécie de funil instalado na cozinha e direcionados a um recipiente na garagem do edifício.

Dono da construtora que ergueu o imóvel e hoje morador do prédio, o empresário Ricardo de Lima Orsini, de 60 anos, conta que cerca de 30 litros são recolhidos por mês. Longe do ralo da pia, o material se transforma em um lucrativo negócio. O material é levado para a empresa Recóleo, a maior em operação na capital. Atualmente, cerca de 8 mil estabelecimentos comerciais e residenciais aderiram à proposta de repassar o óleo à firma, que devolve materiais de limpeza aos colaboradores. 

Capital mineira acima da média no quesito energia solar

Belo Horizonte é considerada a capital solar do Brasil. Em número de placas fotovoltaicas, a cidade está oito vezes acima da média nacional. São 372 m² por mil habitantes, contra 44 m² no país. 

Esse é um dos principais diferenciais da cidade, destaca o vice-prefeito e também Secretário Municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros.

Entre os projetos sustentáveis desenvolvidos pela prefeitura, ele destaca o Selo BH Sustentável, criado em 2012. Empreendimentos públicos e privados que reduzem o consumo de água e da energia, além das emissões de gases e dos resíduos sólidos, podem ser certificados.

Empresário reduz conta de luz 

Energia renovável e praticamente sem custo. O sistema conhecido como usina fotovoltaica, em que painéis solares nos telhados garantem a sustentabilidade energética do imóvel e até a comercialização do excedente à Cemig, está presente em quatro imóveis de Belo Horizonte.

A tecnologia – adotada em quatro residências dos bairros Santo Agostinho e Mangabeiras (na região Centro-Sul), Taquaril (Leste) e São Luiz (Pampulha) – permite que todos os equipamentos eletrônicos funcionem com energia limpa. Há cinco meses, o empresário Marcelo Cenni, de 53 anos, instalou o sistema em casa.

Antes, o valor da conta girava em torno de R$ 700. Hoje, não passa de R$ 50. O investimento para instalação do equipamento, porém, limita a adesão. O empresário gastou R$ 45 mil.

O retorno só para repor o gasto levará pelo menos oito anos, calcula Marcelo, que lamenta a falta de incentivos. “Em países desenvolvidos, há isenção de impostos para quem adere à iniciativa, que só traz benefícios”. 

O projeto da usina deve ser assinado por um engenheiro responsável, que deve enviar a documentação para as concessionárias. O sistema tem vida útil em torno de 25 anos. 

Dinheiro para boas ideias

A Prefeitura de Belo Horizonte está com inscrições abertas para apresentação de projetos voltados para a recuperação da qualidade do meio ambiente e educação ambiental.

Empresas e moradores podem participar. Os valores destinados às iniciativas financiadas vão variar de R$ 25 mil a R$ 200 mil. Inf.: (31) 3277-5182 ou 3277-5184. 

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