BH completa um mês de recuo na flexibilização sem trégua no avanço da pandemia

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
29/07/2020 às 11:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:09
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Há exatamente um mês, Belo Horizonte retornava à fase 0 da flexibilização social, com o fechamento do comércio não essencial. Porém, mesmo com parte das atividades econômicas suspensas, os casos do novo coronavírus explodiram na metrópole. A ocupação dos leitos de UTI também cresceu nos últimos 30 dias e o cenário é de total incerteza.

Nesta quarta-feira (29) o Comitê de Combate à Covid-19 se reúne na prefeitura para avaliar a situação. Para integrantes do grupo, o momento não é favorável à reabertura de mais lojas e estabelecimentos. Fechados há 130 dias, bares, restaurantes, academias e feiras já têm um protocolo para a retomada, após o pico da pandemia.

Presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas-BH), Nadim Donato revelou que esteve com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) nesta terça-feira (28) . No encontro, reforçou que a situação dos comerciantes é insustentável. Segundo ele, o chefe do Executivo ficou de dar um retorno sobre o processo de flexibilização na próxima sexta-feira (31). A PBH confirmou que fará um comunicado daqui a dois dias.

Avanço da doença

Quando BH voltou a ser fechada, em 29 de junho, a cidade tinha 5.510 casos de coronavírus e 129 mortes. Atualmente, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), a metrópole contabiliza 18.415 doentes, uma alta de 234%. Já os óbitos somam 482 neste momento.

A taxa de ocupação dos leitos também subiu. O índice é apontado por especialistas como um dos principais empecilhos para o avanço da flexibilização. Há um mês, as internações nas UTIs estavam em 87%. Agora, 91%.

Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano aponta um fator positivo em meio a esses números. O médico observa que, apesar de as hospitalizações estarem em um patamar alto, estão estabilizadas. O receio era de um colapso no sistema público de saúde.

"A curva de internações se tornou muito ascendente. Então, havia o medo de ultrapassar 100% e as pessoas ficarem sem atendimento. Teve uma estabilização. Agora é torcer para a curva cair nos próximos dias", disse.

Ainda assim, o especialista reforça que esse não é o momento para flexibilizar o comércio. "Nós estamos com saturação muito alta dos leitos. O sistema continua muito comprometido. Como médico, avalio que os números falam contra. Seria incoerente promover uma mudança".

A opinião é compartilhada pelo professor da UFMG e também integrante do comitê, Unaí Tupinambás. De acordo com o infectologista, BH vive o momento mais critico da crise sanitária. Por isso, recomenda o distanciamento social e reforça que a população deve permanecer em casa.

"Estamos no auge da pandemia, mas podemos passar por ela com menos mortes que outras grandes cidades. Percebemos que a taxa de transmissão diminuiu nos últimos 30 dias, mas é preciso ainda reduzir a pressão nos leitos", declarou.

Atividades encerradas

Na avaliação do presidente do Sindilojas-BH, a cidade não tem estrutura para ficar mais dias fechada. Segundo Nadim Donato, um terço das lojas já encerrou as atividades em definitivo e aproximadamente 20 mil pessoas foram demitidas.

"Estive ontem com o prefeito e falei que a situação está insustentável. Já apresentamos protocolos para reabertura de todos os setores e a prefeitura aceitou todos. Agora esperamos a definição de um prazo para reabertura".

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