BH e região correm risco de desabastecimento de água, aponta relatório de vereadores

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
16/12/2020 às 17:50.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:19
 (Eugênio Moraes/Arquivo Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Arquivo Hoje em Dia)

Belo Horizonte e região metropolitana podem sofrer com racionamentos e falta de abastecimento hídrico, enquanto a obra da nova captação de água do rio Paraopeba não for concluída. Essa é a conclusão do relatório final da Comissão Especial de Estudo – Abastecimento Hídrico, da Câmara Municipal da capital, aprovado nesta quarta-feira (16). Por meio de nota, a Copasa afirmou que não há risco de desabastecimento no momento. 

A captação do rio Paraopeba, que era fundamental para o abastecimento de várias cidades do entorno de Belo Horizonte, foi paralisada após o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro de 2019.

Depois disso, a Vale se comprometeu a construir outra captação, a 12 km da original, mas a obra ficou atrasada em cinco meses. A previsão, neste momento, é que comece a operar em fevereiro de 2021. Segundo a mineradora, “a fase de comissionamento e testes deve iniciar-se ainda em dezembro de 2020, com a vazão inicial de 1.000 l/s, sendo aumentada gradualmente ao longo do mês de janeiro de 2021, até atingir a vazão nominal de 5.000 l/s em fevereiro” (veja nota abaixo).

“O documento traz um resumo das nossas ações ao longo do ano e denuncia a falta de respostas de órgãos públicos e empresas aos nossos questionamentos”, afirmou a vereadora Bella Gonçalves (Psol), presidente da Comissão.

Os vereadores realizaram dez reuniões e enviaram nove pedidos de informações a diferentes órgãos, sendo que seis obtiveram resposta, dois não foram respondidos e um retorno chegou após o prazo definido pelos parlamentares.

Uma das respostas veio da Copasa. A empresa responsável pelo abastecimento das cidades da Grande BH afirmou que, nos últimos dois meses, devido às altas temperaturas e baixa umidade, houve um aumento de 15% no consumo médio de água na capital e região metropolitana, “o que causou certo desequilíbrio no macro sistema de distribuição e, por conseguinte, algumas ocorrências de falta de água em regiões pontuais de Belo Horizonte, como foi verificado nos bairros Alto Caiçara e Aglomerado da Serra”.

Para resolver o problema, a Copasa afirmou ter intensificado suas estratégias operacionais, com manutenções, obras emergenciais e aumento de bombeamento regionalizado. A empresa garantiu ainda que tem disponibilidade de água para toda a população até a conclusão da obra de captação do rio Paraopeba, devido ao grande volume de chuvas entre o final de 2019 e o início de 2020.

Veja a nota da Vale sobre a obra do ponto de captação do rio Paraopeba:

Nos termos do cronograma original para construção do novo sistema de captação de água do rio Paraopeba, em implantação no município de Brumadinho, a fase de comissionamento e testes estava prevista para iniciar em 30 de setembro de 2020.

Entretanto, em decorrência de fatores externos, alheios à vontade e controle da Vale, houve necessidade de adequação dos prazos. Dentre os fatores impeditivos, incluem-se restrições de segurança impostas pela pandemia da Covid-19, medidas restritivas decretadas pelo poder público municipal e outros órgãos públicos, demora na obtenção de autorização judicial para ingresso nas áreas necessárias à implantação do projeto e a ocorrência de intensas chuvas na região entre dezembro de 2019 a março de 2020, muito acima da média prevista para o período.

Com o necessário ajuste de cronograma, a fase de comissionamento e testes deve iniciar-se ainda em dezembro de 2020, com a vazão inicial de 1.000 l/s, sendo aumentada gradualmente ao longo do mês de janeiro de 2021, até atingir a vazão nominal de 5.000 l/s em fevereiro.

O funcionamento do novo sistema à plena capacidade restabelecerá a mesma vazão (5.000 l/s) da captação atualmente suspensa no rio Paraopeba. Paralelamente, a Vale implementou um conjunto de ações emergenciais para contribuir com o abastecimento de água pela Copasa e fortalecer o sistema hídrico que atende a Região Metropolitana de Belo Horizonte, como a reativação de grandes poços no Vetor Norte e a interligação dos sistemas Velhas e Paraopeba.

A Vale reitera seu compromisso em implementar, de forma célere e diligente, as ações necessárias à reparação dos danos e transtornos provocados pelo rompimento da barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão”.

Veja a nota da Copasa sobre o abastecimento na Região Metropolitana de Belo Horizonte:

"A Copasa esclarece que, conforme informação apresentada pela VALE, está previsto para fevereiro de 2021 o início de operação assistida da nova captação de água no rio Paraopeba.

A Vale informou, também, que fatores externos, alheios à sua vontade motivaram a adequação dos prazos. Dentre os fatores foram citadas as restrições de contingência impostas pela pandemia da Covid-19, medidas restritivas decretadas pelo poder público municipal e outros órgãos públicos, além de demoras para a obtenção de autorização judicial. Citou, ainda, a ocorrência de chuvas intensas na região das obras, ocorridas no período de dezembro de 2019 a março de 2020, acima da média, que impactaram o cronograma.

Deve-se destacar que o nível dos reservatórios responsáveis pelo abastecimento de água da RMBH encontra-se em situação confortável e não há risco de desabastecimento em situações normais.

A Companhia esclarece que acompanha a execução da obra, desde o seu início, em conjunto com a empresa Aecom, que presta serviço de auditoria técnica e ambiental independente para Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Paralelamente ao cumprimento do TAC, a Companhia, por meio de manobras e soluções operacionais, garantiu que o atual nível de reservação em seus sistemas desse a segurança necessária para assegurar água para a RMBH até o próximo período chuvoso. Além disso, a empresa executa ações intensas de combate a fraudes e ligações clandestinas.

A Copasa destaca, também, a participação de seus clientes que aderiram ao conceito de consumo essencial e consciente e, por esta razão, contribuíram direta e positivamente para que não estejamos em cenário desfavorável".

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