BH vive novo dia de caos com retomada da greve dos motoristas de ônibus

Lucas Sanches
@sanches_07
02/12/2021 às 12:11.
Atualizado em 08/12/2021 às 01:11
 (Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

Belo Horizonte viveu mais uma manhã caótica nesta quinta-feira (2), devido à retomada da greve dos motoristas do transporte coletivo, deflagrada à 0h. Pontos lotados, ameaças de apedrejamento e trânsito travado marcaram o início de um dia que está longe de acabar.

Nas principais estações da cidade, poucos veículos partiram. O pior cenário foi registrado na estação Barreiro. Segundo a BHTrans, nenhuma viagem foi iniciada entre 6h e 10h. As estações Venda Nova, Pampulha e Diamante também tiveram percentual ínfimo de partidas durante a manhã.

Nos pontos, passageiros se acumulavam esperando o ônibus. Cenas de aglomeração foram registradas em diversos corredores e estações. Na avenida Cristiano Machado, altura do bairro Cidade Nova, região Nordeste de BH, o trânsito começou a ficar carregado antes das 7h. Das mais de 10 linhas disponíveis num ponto de embarque, menos da metade estava disponível en ainda assim, em intervalos maiores que o normal.

Nos corredores do MOVE, a situação é parecida. A única diferença está nas pistas, mais vazias que o normal. Num intervalo de aproximadamente 15 minutos, a reportagem do Hoje em Dia contou três linhas ativas na Cristiano Machado e duas nos corredores do MOVE.Rogério Lima / Hoje em DiaEstação do metrô no Eldorado fica lotada na retomada da greve dos motoristas da capital

Trânsito

Sem ônibus nas ruas, quem pode usar carro não pensou duas vezes. O resultado foi um excesso de veículos, que complicou o trânsito nos principais corredores de Belo Horizonte. O trânsito ficou lentou nas avenidas Cristiano Machado, Pedro I, Antônio Carlos, Amazonas, Raja Gabaglia e em vários pontos da Contorno.

Os acessos à capital também ficaram obstruídos com retenções na Via Expressa, assim como nas rodovias BR-040 e MG-10. No Anel Rodoviário, um engavetamento com 12 veículos deixou o trânsito ainda mais caótico pela manhã.

Ameaças 

Durante a madrugada, funcionários de uma garagem de coletivos no bairro Floramar chamaram a Polícia Militar quando foram surpreendidos por seis motociclistas bloqueando a saída, de acordo com o SetraBH, sindicato que representa as empresas do ônibus. Ainda conforme o sindicato, dos 90 carros que deveriam deixar o pátio, apenas 25 conseguiram circular.

Apesar de os manifestantes terem deixado a garagem, um ônibus teve o para-brisa trincado após ter sido alvo de um motociclista na avenida Cristiano Machado. Outro veículo foi vandalizado na altura do BH Shopping e precisou ser recolhido.

Segundo a assessoria do Setra-BH, na garagem da Viação Sidon, na avenida Nélio Cerqueira, no Tirol, região do Barreiro, dos 57 coletivos programados para sair nesta quinta-feira, apenas 17 conseguiram deixar o pátio. Maurício Vieira / Hoje em DiaEstação Diamante fica vazia devido à falta de ônibus durante a greve dos motoristas

O sindicato patronal diz ainda que grevistas impediram a partida dos carros sob ameaça de depredação. No entanto, não foi registrado nenhum caso de vandalismo. O SetraBH afirma que trabalhadores que chegaram para cumprir o expediente também teriam sido impedidos de iniciar a jornada de trabalho. Os carros que conseguiram partir, deixaram a garagem pela madrugada, antes da chegada dos grevistas, aponta o sindicato.

A greve

Os motoristas de ônibus retomaram a greve que tinha sido suspensa na semana passada. Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial, que está congelado há três anos.

Na tarde da última quarta-feira (1), o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Belo Horizonte (STTR-BH) rejeitou a proposta de reajuste salarial e de benefícios enviada pelo Setra-BH na terça-feira (30).

Segundo o presidente do sindicato dos motoristas, Paulo César Salomão, será respeitada a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª região (TRT-3), que exige frota mínima de 60%. Na última paralisação, no entanto, nos dias 22 e 23 de novembro, o número de ônibus circulando na capital não chegou à quantidade estabelecida pela Justiça.

De acordo com o STTR-BH, foi apresentado um reajuste linear de 9% no salário e um aumento no pagamento adicional de função, que sairia de 10% para 20%. A categoria quer o retorno do pagamento do ticket alimentação durante as férias e intervalo máximo de 30 minutos entre as jornadas, exigências que não foram cumpridas.

Ao longo da quarta-feira, duas assembleias foram realizadas pelos trabalhadores sobre a aceitação da proposta do Setra-BH. Na parte da manhã, 29 votaram contra e 24 em favor. Na tarde, foi rejeitada por unanimidade. A categoria ficará de braços cruzados até que um acordo seja estabelecido.

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