(Carlos Rhienck)
A BHTrans tem 35 dias para ensinar 700 mil pessoas a mudar o jeito de pegar ônibus na capital mineira. Em 15 de fevereiro, começa a funcionar o BRT da avenida Cristiano Machado. Batizado, em Belo Horizonte, de Move, o sistema exigirá nova conduta de usuários e motoristas para evitar acidentes.
A preocupação é com a segurança de quem vai embarcar e desembarcar nas plataformas suspensas. Para orientar os viajantes, além de contar com os agentes de bordo, a empresa fará um trabalho educativo com esquetes, peças de teatro nas estações e infográficos no Jornal do Ônibus.
Mas as “aulas” virão com atraso, diz o presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana, José Aparecido Ribeiro. Se a BHTrans desse início ao processo hoje, o tempo já seria “extremamente curto” para conscientizar os usuários sobre as mudanças previstas, afirma.
“O BRT muda a rotina em toda a região onde está instalado, e a BHTrans não tem contingente suficiente para orientar todas as pessoas. Além disso, não basta os funcionários ficarem só nas estações”, diz o especialista.
Na marra
Ribeiro acredita, no entanto, que a adaptação acontecerá mesmo é na prática, podendo levar até seis meses. “O passageiro vai se habituar no dia a dia”.
Nos veículos que vão circular dentro e fora dos corredores do BRT, os usuários precisarão se acostumar com a abertura de portas dos dois lados. As da esquerda se nivelam apenas com as estações de transferência, acima do solo, e as da direita são para acesso e saída nas vias comuns, na altura da calçada. Além disso, o pagamento da tarifa será nas estações, e não no coletivo.
A preparação dos motoristas já começou. Na última quinta-feira (9), cem instrutores das empresas que treinarão os profissionais participaram de um curso. Serão capacitados 2.260 condutores nos próximos dias. Entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro, eles farão aulas práticas na Cristiano Machado e uma prova prática atestará se estão aptos a transportar passageiros no Move.
“Infelizmente, ainda acontecem situações em que motoristas arrancam antes que passageiros terminem de embarcar, o que pretendemos minimizar com os treinamentos”, admite o gerente de auditoria da qualidade de transporte coletivo da BHTrans, Max Wilson Ramos.