Bocas de lobo e caixas subterrâneas oferecem risco às pessoas e favorecem proliferação do Aedes

Renato Fonseca - Hoje em Dia
04/03/2016 às 07:46.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:40
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Risco para pedestres e motoristas, bocas de lobo e caixas subterrâneas de prestadoras de serviço também são criadouros do mosquito Aedes aegypti. Abertas ou quebradas, as estruturas são obstáculos às pessoas e acumulam água parada. Além disso, algumas armadilhas estão abarrotadas de lixo e prejudicam o sistema de drenagem da capital.

A inexistência das tampas e os danos aos equipamentos se devem a roubos, atos de vandalismo, excesso de peso dos veículos e desgaste. Só nos dois primeiros meses deste ano, 480 dispositivos de responsabilidade da prefeitura demandaram reparo ou troca – média de oito por dia.

O perigo exposto nas calçadas e nas ruas remete à recente tragédia ocorrida na Região Metropolitana de BH. No último fim de semana, uma menina de 8 anos morreu após ser arrastada pela enxurrada durante temporal em Sabará. A criança teria sido levada pelas águas para as tubulações subterrâneas. O corpo foi achado no rio das Velhas.

Cratera

Com aproximadamente um metro de comprimento e 40 centímetros de largura, uma sarjeta da Via Expressa, em frente ao número 10.655 e próxima ao elevado Castelo Branco, chama a atenção de quem passa pela pista. “Virou uma cratera. Alguém pode cair e ser levado pela chuva. Um acidente de carro também pode acontecer”, teme a aposentada Maria das Dores Ferreira, de 51 anos.

No local existem dois equipamentos para escoar a água. Um está sem a tampa e o outro com as grades de concreto quebradas – ambos com entulho. As armadilhas existem há cerca de um mês, contam funcionários de uma loja de artigos para festa. Segundo eles, a prefeitura já foi acionada. Poucos metros à frente, na mesma avenida, o problema se repete em mais duas bocas de lobo.

Quem passa pela calçada da via também reclama. Em um trajeto de pouco mais de 500 metros, a reportagem encontrou obstáculos em cinco caixas subterrâneas. Três estavam abertas e duas com a tampa quebrada. Além de lixo, há muita água parada, que pode favorecer a proliferação do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika.

No Centro

O problema se repete no centro da cidade. Próximo à Praça da Estação, uma caixa sem a cobertura obriga as pessoas a redobrar a atenção. Morador do bairro Floresta, o advogado José Luiz Domingos, de 67 anos, passa diariamente pelo trecho, no caminho de casa ao escritório. “Um buraco desse acumulando água em pleno período crítico da dengue. É fácil pedir a população para ajudar, mas o poder público tem que fazer a sua parte”.

“Aqui é só um exemplo. Há muitos outros espalhados pelo hipercentro”, acrescenta Domingos. A afirmação do advogado é facilmente comprovada durante caminhada na avenida Afonso Pena. Na Praça 7, algumas grelhas de ferro foram arrancadas.

Na rua dos Tamoios, ao lado da centenária Igreja São José, novo obstáculo. Quem está a pé se vê obrigado a sair da faixa de pedestre e disputar espaço com os carros na pista. Lá, a boca de lobo ficou entupida de tanto lixo e deixa um rastro de mau cheiro. “Vergonha. Está assim desde o ano passado”, grita um ambulante ao passar pelo local.

Defeito em todas as estruturas do Viaduto da Floresta

Todas as dezesseis estruturas do sistema de drenagem do Viaduto da Floresta, na região Leste, estão sem as tampas, favorecendo também o acúmulo de água parada e lixo. As grelhas de ferro não comercializadas no mercado e o reparo seguem sem previsão.

Para o engenheiro civil Silvestre Filho, a manutenção desses equipamentos deve ser constante e é preciso pensar em alternativas. “Na engenharia tudo é possível. Se a grelha (de ferro) tem sido roubada, deve-se pensar em uma estrutura de concreto mais resistente, que suporte o peso e o intenso tráfego dos veículos”.

Manutenção

A prefeitura garante que faz a manutenção periódica. Em BH, existem 60 mil bocas de lobo. Por dia, cerca de 1.300 são limpas e 20 toneladas de lixo retiradas. Um mapeamento de áreas mais vulneráveis foi feito e houve reforço das ações na temporada de chuva.

Segundo a PBH, durante a limpeza, equipes das regionais monitoram a necessidade de manutenção ou de troca. Sobre o Viaduto da Floresta, a administração municipal informou que é preciso fazer encomendas a serralherias. Os equipamentos de ferro foram roubados nas últimas três reposições. “Uma alternativa mais eficaz para solucionar o problema é estudada”, informou a prefeitura.

Em relação às caixas de energia, a Cemig diz que mantém um programa de manutenção preventiva, que inclui a inspeção periódica dos mais de 12 mil pontos da região Centro-Sul de BH. O serviço, diz a empresa, visa a resguardar e manter o sistema em condições adequadas. O total de trocas ou reparos não foi informado.

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