Criança precisa brincar, inclusive, na escola. Quem pensa que a educação infantil é apenas um preparatório para o fundamental precisa rever os conceitos. Isso porque, na opinião de especialistas, a brincadeira é muito mais importante para o desenvolvimento dos pequeninos do que passar horas com papel e lápis na mão.
Pedagoga e doutora em educação pela USP, Ana Ruth Starepravo destaca a necessidade de as escolas oferecerem espaços variados para o ato de brincar. “É preciso ter áreas para brincar e poder escolher. É o canto da cozinha, da sala, do escritório e um parquinho com contato com a natureza”, afirma.
Segundo ela, entretanto, muitas instituições ainda preservam os pátios cheios de cimento, com poucos brinquedos. Outras nem permitem que as crianças explorem as diferentes atividades, como a imitação – primeira forma de brincar usada por elas. “As escolas estão notando isso, mas ainda há muito o que avançar, sobretudo na preparação dos profissionais”, destaca.
Escolha
A definição das brincadeiras certas é importante para garantir a diversão da meninada. Segundo a pedagoga e professora da USP Tizuko Morchida Kishimoto, é preciso que a equipe pedagógica selecione os materiais, observando os interesses de cada criança, além da segurança.
Os educadores também precisam explorar novas atividades, adequando-as a momentos coletivos e individuais. Assim, nem toda brincadeira precisa necessariamente de um brinquedo. “Uma folha que cai da árvore pode ser um prato, a comida, um avião”, exemplifica.
Eles também podem explorar momentos “solitários” dos alunos. “Brincar sozinho permite ao aluno uma reflexão maior sobre problemas e soluções dentro do universo que ele cria”, completa.
Prática
Na Unidade de Educação Infantil (Umei) Vila Estrela, localizada no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de Belo Horizonte, a brincadeira é levada muito a sério. Crianças de até 5 anos contam com parque com brinquedos, sala de multiuso com jogos variados e “casinha”, onde é possível brincar de “faz de conta”.
“Um dos eixos centrais é brincar. Através da brincadeira, da cultura do meio ambiente, da interação de múltiplas linguagens é que a criança se desenvolve. Isso é fundamental”, afirma a vice-diretora da unidade, Edir Pains.
*As duas pedagogas da USP fazem palestra hoje, na Educativa 2015