Brincadeira com pipas já prejudicaram 280 mil consumidores de janeiro a maio, segundo a Cemig

Paula Bicalho
pbicalho@hojeemdia.com.br
06/07/2017 às 18:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:25
 (Divulgação/Cemig)

(Divulgação/Cemig)

A brincadeira de soltar pipas foi responsável por 840 ocorrências de interrupção no fornecimento de energia elétrica, prejudicando quase 285 mil consumidores em Minas Gerais, nos cinco primeiros meses deste ano, segundo dados da Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), de janeiro a maio, foram registrados 356 desligamentos provocados por pipas na rede elétrica, que prejudicaram cerca de 140 mil clientes.

O uso do cerol – mistura cortante feita com cola, vidro e restos de materiais condutores – é um dos principais motivos dos desligamentos, causando o rompimento dos cabos de energia quando entra em contato com a rede elétrica. Além disso, muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos.

Segundo o engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Venicio Aguiar, alguns procedimentos devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia com a prática da brincadeira. “As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais use fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não tente resgatá-la”, orienta.

Além disso, Aguiar alerta sobre um novo produto que vem agravar os problemas e os riscos: um tipo de fio cortante feito em escala industrial, chamado de “linha chilena”, produzido com materiais mais abrasivos que o cerol. “Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquiri-lo pelo mercado paralelo e até pela internet”, diz o engenheiro.

Acidentes 

Além dos prejuízos causados pela falta de energia, a Cemig também alerta para os riscos à segurança que a soltura de pipas pode trazer quando praticada próxima à rede elétrica, causando acidentes graves com as pessoas que as manipulam e com terceiros.

Segundo Demetrio Aguiar, a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal para essas crianças, além do risco de rompimento do cabo, que pode atingir outras pessoas que estiverem passando no local.

O engenheiro chama a atenção, ainda, para o fato de que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, muitas crianças amarram as pipas com arames e fios.

“São materiais altamente condutores de energia e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia, causando o choque elétrico”, explica Aguiar.

Vale lembrar que a lei estadual 14.349/2002 proíbe o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, de papagaios, de pandorgas e de semelhantes artefatos lúdicos em todo o território do Estado de Minas Gerais.

Quem for flagrado usando cerol ou linha cortante está sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 mil, podendo ser agravada.

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