Cães são responsáveis por 80% dos corpos achados em Brumadinho

José Vítor Camilo
12/03/2019 às 18:50.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:45
 (Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

Os sete cães que estão atuando nas buscas por corpos em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, são responsáveis por 80% dos encontros registrados nas duas últimas semanas do trabalho. A informação foi divulgada nesta terça-feira (12), pelo Corpo de Bombeiros, que fez um balanço e apresentou as tecnologias empregadas pela corporação à imprensa.

Somente nesta terça, um corpo inteiro e um fragmento foram encontrados com auxílio dos cães na área da Instalação de Tratamento de Minério (ITM), uma das áreas onde mais foram recuperados corpos.

O 3º Sargento Leonardo Costa Pereira acompanhava o cão da raça Bordercollie, Thor, nas buscas e explica como funciona as buscas.

“O trabalho tem sido feito de forma de rodízio dos cães. Eles nunca ficam mais de 20 minutos em campo, e fazem uma pausa do tempo que trabalharam ou o dobro. Ao longo do dia, eles atuam cerca de duas horas no total. Esse rodízio é importante, pois a capacidade olfativa deles fica muito mais eficiente assim, por isso esse resultado tem sido fenomenal”, conta o militar. 

Dos sete cachorros usados nas operações, dois são dos Bombeiros de Minas, dois de Santa Catarina e três do Rio Grande do Sul.

Tecnologias 

Nesta terça-feira, trabalharam nas buscas 136 bombeiros, 81 máquinas e quatro cães, divididos em 22 frentes diferentes.

O tenente-coronel Eduardo Ângelo Gomes, conta que a tecnologia também tem sido uma grande aliada da corporação nessas mais de 40 semanas de buscas.

“Hoje trabalhamos com sete drones que possuem imagem térmica, o que auxilia a localizar áreas com possibilidade de encontro de corpos. Além disso, todos os militares em campo possuem um ‘spot’, um dispositivo que, a cada 5 segundos sem movimento, envia a localização daquele agente para a base. Se eles precisarem de ajuda, basta segurar um botão que ele envia o local exato para buscá-lo”, detalha o tenente-coronel.

Apesar disso, a principal tecnologia que tem auxiliado os bombeiros é um aplicativo desenvolvido pela própria corporação, o Controle de Localização de Vítimas.

“É um mapa colaborativo entre os nossos homens. Os militares que estão em campo possuem um celular e de lá mesmo eles conseguem publicar as informações todas. Se acham corpo, veículo, publicam a localização exata, qual a profundidade que estava, tudo em tempo real mesmo. É a partir daí que estamos fazendo o mapeamento das áreas com maior probabilidade de encontro de vítimas e determinando as frentes de trabalho. Por exemplo, por este aplicativo nós conseguimos determinar que 60% dos corpos e seguimentos foram achados entre um metro de profundidade e a superfície, o que guia as nossas escavações”, detalha o capitão Leonard Farah.

Por meio desse aplicativo, foi possível identificar que em alguns dos quadrantes atingidos há um acúmulo de rejeitos muito grande, com mais de dez metros de profundidade, em alguns deles em estado liquido, o que inviabilizaria os trabalhos. “A gente verifica as áreas onde há maior numero de corpos encontrados e ficamos ali, passando para essas outras áreas com o tempo. Na ITM, por exemplo, encontramos vários corpos e, pelo histórico das empresas, há a expectativa de acharmos outras 16 vítimas aqui”, complementa o tenente-coronel Ângelo.

No aplicativo, os Bombeiros que realizam as buscam publicam também fotos dos fragmentos e do selo dos sacos em que são encaminhadas ao IML. “Quando identificam, já sabemos imediatamente”, conclui Farrah.

Sem prazo para fim das buscas 

Mesmo com todas as dificuldades que são enfrentadas pelos militares nos trabalhos, de acordo com o tenente-coronel Ângelo o Corpo de Bombeiros só trabalha com duas possibilidades de fim das buscas. “Ou achamos todas as vitimas, ou chegamos ao ponto de decomposição em que não é mais possível a localização”, garante.

O tenente Pedro Aihara explica que os cães só possuem treinamento para buscas de corpos em decomposição. “No caso de resquícios ósseos infelizmente seria necessário um treinamento específico e uma mudança na legislação, pois a atual não permite esse tipo de busca”, pontua.

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