Câmeras instaladas em carros de autoescolas devem dar mais transparência a teste e evitar fraudes

Tatiana Lagôa e Ana Júlia Goulart
horizontes@hojeemdia.com.br
02/04/2018 às 20:33.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:08
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Exames de direção para obter carteira de motorista serão monitorados por câmeras em Minas Gerais. A medida visa evitar fraudes e dar mais transparência ao processo, já que as imagens servirão como provas em possíveis questionamentos sobre a avaliação. Para especialistas, os testes ficarão mais rígidos e o índice de reprovação, hoje já acima dos 70%, deve aumentar.

A mudança vale para quem pleiteia a carteira de habilitação na categoria B (carros). O equipamento, instalado nos veículos das autoescolas durante os exames de rua, será capaz de filmar as ações do candidato e do examinador, segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). 

Além disso, um aplicativo, conhecido como “espião”, será colocado nos automóveis para registrar dados como velocidade, percurso e frenagem. A data de implantação do sistema e outros detalhes serão divulgados hoje pelo Detran.

Preocupação

Cidades de São Paulo e do Ceará já receberam um projeto-piloto. Em nota, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) informou que o videomonitoramento, embora seja uma das inovações que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) vem fomentando, não é obrigatório, “haja vista não existir um estudo mais aprofundado, inclusive de impacto financeiro”. Segundo o órgão, o novo sistema gera “preocupação” e os Detrans que estão implementando a tecnologia serão convocados para explicar as diretrizes utilizadas.

Especialista em segurança do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Karla Rodrigues acredita que a pressão das câmeras deve tornar o exame mais rigoroso. “Quando o examinador percebe que a pessoa está apta, ele pode ignorar uma pequena falha motivada por nervosismo. Mas, com câmeras, ele não vai mais fazer isso”.Maurício Vieira / N/A

“Essa portaria será como tantas outras ações que não vão para frente. Não é algo assim tão fácil de ser implantado” (Wanderlei Ferreira, proprietário de uma autoescola na região Noroeste da capital)

Transparência

O presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais (Siprocfc-MG), Alessandro Dias, vê com bons olhos a mudança. “Em casos de divergência, o aluno tem apenas a fala dele como prova. Agora, terá o vídeo em mãos para contestar o que quer que seja”, afirma.

Segundo Dias, o exame de rua deve contar com as câmeras a partir de julho. As autoescolas já teriam sido notificadas e, até maio, terão que escolher a empresa que instalará a tecnologia.

Mais caro

O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG), Denilson Martins, também acredita que as câmeras vão colaborar com a transparência do processo. Mas haverá um custo a ser repassado. “Já é uma avaliação séria, mas agora vamos ter uma ferramenta de auditoria. O problema é que tem um custo a ser pago pelo consumidor”, diz.

Esse é, inclusive, o receio de alguns proprietários de autoescolas. “Vamos ver o que será dessa portaria, mas os estabelecimentos estão sendo penalizados. Hoje, temo até pela viabilidade do meu negócio”, afirma Moacir Moreira Júnior, proprietário de uma empresa na região Noroeste da capital.Maurício Vieira

“Já é extremamente difícil passar no exame. Com mais esse sistema, tirar carteira vai ser igual loteria” (Sarah Manfio, estudante que faz legislação em uma autoescola de BH)
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