Cabos rompidos com cerol já deixaram 52 mil famílias sem energia elétrica na Grande BH

Marília Mesquita
18/07/2019 às 12:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:36
 (Mariana Durães/Hoje em Dia)

(Mariana Durães/Hoje em Dia)

Somente nos quatro primeiros meses deste ano, o cerol - mistura de vidro e cola - utilizado nas linhas ​de pipas e papagaios deixa​ra​m ​52 mil famílias ​sem energia elétrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ​segundo a Cemig. ​O levantamento ​da Companhia ​​aponta que, entre janeiro e abril, aconteceram 172 cortes em fios de energia que tiveram contato com ​cerol​​. ​

Como a mesma estrutura ​elétrica ​atende diversas casas e estabelecimentos comerciais, ​foram contabilizados mais de 52 mil pontos ​sem luz ​na Grande BH. Isso significa que o problema afetou 433 famílias por dia ao longo de quatro meses. 

Em todo o Estado, este número chega a dobrar, já que três interrupções de energia são registradas diariamente​ em Minas​, com 300 cabos arrebentados ​somente nos quatro primeiros meses do ano. ​De acordo com a Cemig, ​o tempo de espera para que o abastecimento seja restabelecido é de, no mínimo, duas horas e meia. 

​Somente no ano passado, foram 2.202 ocorrências na rede elétrica nos municípios atendido pela Cemig em Minas, prejudicando 750 mil unidades consumidoras, residenciais e comerciais.  

Crime 

A lei estadual 14.349/2002 proíbe o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, papagaios e artefatos semelhantes. Quem é flagrado utilizando o cerol está sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 mil.  

Mas apesar de ser crime, a ausência de chuva somada às férias escolares fazem desta época do ano o período com maior número de crianças e adolescentes que realizam competições no céu utilizando a mistura. Além de transtorno, essa prática também pode acabar em acidente. 

​Perigo

​A​ mistura de cola de madeira e pó de vidro​ aplicada nos barbantes de pipas e papagaios pode ser incrementada, ainda, com uma mistura ​de​compostos que são condutores de radiação, como o pó de alumínio e ferro. ​Com isso, o toque nos cabos pode provocar choques. 

“O contato dos elementos com a rede elétrica faz com que o brinquedo fique energizado. Dependendo da descarga​,​ pode ser fatal”, ressalta o engenheiro de Segurança do Trabalho da Cemig, Demétrio Aguiar. 

​Com o rompimento do cabo de energia, o chão e as imediações do lugar em que o fio toca também podem ficar fortificado​s, resultando em descargas elétricas. “No momento em que se rompe, o cabo pode atingir alguém​ e até ferir. Mesmo que isso não aconteça, o perigo está instalado e a concessionária de eletricidade deve ser acionada”, orienta o tenente do Corpo de Bombeiros Militar, Pedro Aihara. 

Segundo ​ele, acidentes também acontecem quando a linha do papagaio se enrosca nos cabos e a​​ meninada tenta retirar com pedaços de madeira e barras metálicas. “O objeto não deve ser resgatado, então o melhor é empinar pipa em lugar aberto e longe de fiação”​. ​

Apesar dos perigos com a rede elétrica, os principais índices de acidentes estão relacionados a ​lesões no pescoço de motociclistas. “É importante que es​t​es condutores utilizem os equipamentos de proteção, principalmente o colar cervical e as antenas corta pipa. Ferimentos na cervical são graves e podem ser fatais”​, conclui o militar​. 

No último mês, 13 pessoas ficaram feridas ​desta forma ​e foram encaminhadas para o Hospital Pronto Socorro João XXIII. 

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