Cada vez mais desenvolvidos, bairros de BH ficam sem fiscalização por falta de agentes

Aline Louise - Hoje em Dia
13/09/2015 às 07:13.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:43
 (Frederico Haikal / Hoje em Dia)

(Frederico Haikal / Hoje em Dia)

Supermercado, padaria, banco, bares, diversas lojas, universidades, muita gente e muitos carros. Vários bairros de Belo Horizonte são hoje verdadeiras cidades. Setenta dos 487 superam 10 mil habitantes – mais da metade dos municípios mineiros não atingem essa marca.   Mas o crescimento econômico e populacional dessas áreas não foi acompanhado pelo desenvolvimento da infraestrutura, do planejamento, resultando em congestionamentos. As reclamações de vias estreitas, entupidas, especialmente em horários de pico, são comuns em todas as localidades. Soma-se a isso a falta de presença da BHTrans no gerenciamento destes conflitos. “Não há agentes suficientes” para monitorar todas as regiões problemáticas, reconhece o próprio diretor da empresa, Célio Freitas.   “A BHTrans, de forma geral, tem deixado a desejar nos bairros. Temos recebido muitas queixas da demora nas intervenções, ausência de planejamento. Essa presença fora da Regional Centro-Sul é reclamada”, diz o presidente do movimento das associações de moradores de BH, Fernando Santana.   Prioridade   Célio Freitas confirma que a área central recebe mais atenção. Segundo ele, grandes avenidas como Amazonas, Antônio Carlos, Cristiano Machado, Afonso Pena e Contorno também são priorizadas. Já nos bairros, a BHTrans atua sob demanda da população. Em caso de veículos que precisem ser rebocados, por exemplo, os chamados da área central e corredores são atendidos em até 30 minutos, em 88% das vezes. Já nos bairros, a espera é de 45 minutos em 85% dos casos.   Outras intervenções também deixam a desejar. No bairro Santa Inês (Nordeste), por exemplo, há mais de dez anos a população solicita um semáforo no cruzamento das ruas Minduri com Vicente Risola, conta o diretor da União Pré-processamentos de Santa Inês (UPMSI), José Raimundo Torres. “Lá, sempre tem filas de carros e as batidas são frequentes”, afirma.   Segundo Torres, toda a avenida Contagem apresenta transtornos por causa do grande movimento. “Um dos gargalos está na altura de um colégio, que não tem um agente para ajudar no fluxo”.   Resposta   Segundo a BHTrans, está em fase de conclusão a elaboração de um projeto de tratamento para toda a avenida Contagem, que irá contemplar a interseção com a rua Minduri. Outro projeto para as vias do entorno também está em construção.   Já em relação à demanda para instalação do semáforo, a empresa alega que o volume de veículos nas vias citadas é insuficiente, o que não justificaria tal intervenção.   Sobre o trânsito no entorno do colégio, a empresa esclarece que os agentes da Unidade Integrada de Trânsito (BHTrans, PM, Guarda Municipal) realizam diariamente ações de fiscalização na porta de escolas no intuito de garantir o embarque e desembarque seguro dos estudantes e coibir as infrações de trânsito.   Universidades atraem fluxo de veículos e se mostram ingrediente complicador   Em bairros que abrigam universidades, a rotina de transtornos no trânsito se agrava. É o caso, por exemplo, do Buritis, região Oeste da capital, que abriga o Uni-BH. “O fluxo de veículos no bairro é intenso. A falta de vagas no estacionamento da universidade leva os alunos a parar na rua, muitas vezes prejudicando a entrada de moradores nas garagens”, comenta a presidente da associação do bairro, Maria Consuelo Arreguy.   No Coração Eucarístico, bairro onde está localizada a PUC Minas, não é diferente. “Tem uma quantidade imensa de carros estacionados fora da universidade, muitos deles irregularmente, parados em porta de garagem e esquinas. A prefeitura não consegue fiscalizar. O trânsito é um grande problema”, reforça o presidenta a associação de moradores Walter Freitas.   Em nota, a BHTrans informa que realiza, no entorno das universidades, operação de fiscalização com apoio da Guarda Municipal e da PM, com ações de orientação aos condutores, autuações e remoções.   Conscientização   Também em nota, o Uni-BH esclarece que trabalha para educar seus alunos dentro e fora dos campus. “Periodicamente, são realizadas campanhas de conscientização e educação no trânsito com os alunos”. Alegou ainda que o campus Estoril é um dos poucos que oferecem estacionamento para os alunos, com mais de mil vagas para carros e mil para motocicletas. A PUC Minas foi procurada pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos.   Planejamento   O especialista em transporte e trânsito Márcio Aguiar, professor da Fumec, diz que em Belo Horizonte o planejamento urbano só obedeceu a dimensões adequadas dentro do perímetro da avenida do Contorno. Nas demais áreas, a “estrutura geométrica das vias é amadora”, avalia.   O diretor da BHTrans, César Freitas, diz que dentre as medidas para tentar soluções de forma mais imediata aos problemas, está a instalação de sistemas binários, em que vias paralelas são transformadas em mão única, em sentidos opostos.   “São possibilidades, mas, em alguns locais, nem essas vias estão disponíveis. Em outras, o método já foi adotado, e às vezes você volta lá e já não está mais tão eficiente em função da própria dinâmica da cidade”, pontua.   Vários canais para reclamações   Quem enfrenta problemas no trânsito pode fazer uma queixa na central de atendimento telefônico, pelo número 156. Outro canal de comunicação é o “Fale Conosco” do portal da BHTrans (bhtrans.pbh.gov.br). O cidadão ainda pode reclamar pessoalmente no posto do BH Resolve (rua dos Caetés, 342, Centro), no atendimento ao usuário (na sede da empresa – avenida Engenheiro Carlos Goulart, 900, Buritis), nos plantões semanais organizados por técnicos da BHTrans nas Secretarias de Administração Regional da prefeitura e durante as reuniões das Comissões Regionais de Transportes e Trânsito, que acontecem com a presença de lideranças comunitárias e de qualquer pessoa interessada.

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