Campanhas buscam uso racional de água

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
30/09/2014 às 07:15.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:24
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Enquanto a Copasa e o poder público negam o racionamento e não fazem campanhas de economia de água, em Belo Horizonte multiplicam-se as iniciativas para evitar o desperdício, como não lavar os passeios e evitar tomar banhos demorados. No Instagram e no Facebook, a campanha #naochovenaolavo, lançada em São Paulo pela agência África, já se espalhou pelo país. A proposta é deixar o carro sujo enquanto não chover.

“Se estivéssemos economizando água há mais tempo, não haveria uma situação tão crítica como agora no país”, afirma o presidente da Associação Comunitária dos Moradores do Bairro de Lourdes (Amalou), Jeferson Rios, que desde abril lança iniciativas para convencer os vizinhos a economizar água.

Para as 1.400 famílias que vivem em 70 edifícios, o jornal da Amalou, a cada mês, aborda a questão. Ele ainda envia e-mail para 1.500 moradores do Lourdes pedindo para economizar água.

Na assembleia de moradores e em reuniões com os condomínios, Rios alerta para os vazamentos em pias e vasos sanitários. “Enviamos circular aos moradores pedindo para não lavar passeios. Mesmo naqueles prédios que têm mina d’água, pedimos que economizem na hora de molhar os jardins”. Segundo ele, a adesão tem sido boa. “Tudo que a Amalou fala, os moradores levam a sério”.

Segundo Rios, áreas dos prédios que eram lavadas três vezes por semana, agora só a cada 15 dias.

Bioquímico aposentado e presidente da Amalou há 15 anos, ele conta que grande parte dos prédios do Lourdes tem piscinas, mas desde fevereiro eles fazem tratamento químico da água, em vez de esvaziá-las. “A do prédio em que moro está coberta por lona. Também não ligo mais a hidromassagem e não lavo o carro”. Ele acredita que o futuro da água depende de nós. “Os órgãos públicos, sozinhos, não conseguem fazer nada. Temos de ajudar”.

O lema “Não use a mangueira, use a vassoura para lavar os passeios”, utilizado pela Associação dos Moradores do Bairro Santo Antônio (Amorsanto) em anos anteriores, ainda é muito atual. “Surtiu muito efeito na ocasião. Agora, vamos retomar o trabalho de conscientização para que haja mais economia de água”, diz o conselheiro da entidade, Gegê Avelino. Para ampliar a campanha, ele conta com 1.200 e-mails de moradores da região.

A presidente da Associação dos Cidadãos do Bairro Cruzeiro (Amoreiro), Patrícia Caristo, informa que a questão da economia de água está na pauta da próxima reunião da entidade. “Queremos evitar que os vizinhos lavem a calçada e economizem”.

Moradores do Esplanada enfrentam escassez

Manter as torneiras fechadas virou o lema da corretora de seguros Maysa Albuquerque. “Eu não lavo mais o carro e nem o passeio. Estou molhando as plantinhas só com a caneca”, afirma, apontando o jardim em frente à casa em que mora com a família, no bairro Esplanada, região Leste da capital.

Segundo ela, tem faltado água nas casas, uma a duas vezes por semana. A Copasa “não está avisando o dia que vai faltar água e pega a gente desprevenida”. Preocupada com a situação de escassez no bairro onde vive há 50 anos, ela cobra do governo campanhas para conscientizar a população.

Para driblar a falta d’água, o aposentado Milton José de Araújo, de 67 anos, encontrou um jeito de fazer “economia dupla”. Toda semana ele sai do bairro União para buscar água na bica da rua Abílio Machado, esquina com Petrolina, no bairro Sagrada Família. “Só para beber. Acho essa água melhor que a mineral. É mais leve”.

Ao cumprir essa rotina, ele faz uma economia significativa. “Finjo que estou comprando água e quando chego em casa tiro da carteira R$ 20 ou R$ 30 para guardar. No fim de um ano, essa ‘poupança’ dá para pagar o IPTU”.

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