Carcaças às margens das rodovias no Sul de Minas

Gabi Santos - Do Hoje em Dia
26/12/2012 às 03:53.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:02
 (Solano Ferreira/STE/Divulgação)

(Solano Ferreira/STE/Divulgação)

Sidney Severino de Castro, que mora em Ipuiuna, no Sul de Minas, é um militar da Polícia Militar Rodoviária e, por causa da função, viaja quase todos os dias. Ele conta que além dos acidentes e das ocorrências policiais, outros acontecimentos que se tornaram comuns na região são as mortes de animais silvestres por atropelamentos de veículos nas rodovias.

Ele conta que já se deparou com inúmeros pequenos animais mortos nos acostamentos mas, no ano passado, encontrou um grande tamanduá bandeira morto, que havia sido colhido por um automóvel. Em novembro deste ano se assustou com a carcaça de um grande felino estirado no asfalto, no município de Ipuiuna. "Era uma onça parda, com mais de 120 quilos, um animal muito bonito, que morreu ao ser atropelado por um caminhão. Certamente ele tentou atravessar a rodovia e foi atropelado. Ficaram as marcas dos pneus na barriga e nas patas do animal".

 

Cobras estão entre os pequenos animais mais atingidos (Foto: Sandoval Mendes/Divulgação)

 

Outra ocorrência recente foi registrada no município de Pouso Alegre, na mesma região do Estado. Em uma estrada vicinal foi resgatado um Sagui, pequeno mamífero que havia sido atropelado e jogado para a margem. Policiais rodoviários até o local e encontraram o animal ainda vivo. Mas o drama maior foi descobrir que um filhote, com poucos dias de vida, estava vivo, agarrado ao corpo da mãe, de onde não queria soltar.

No Triângulo Mineiro, militares da 9ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária, sediados em Uberlândia, forneceram informações sobre ocorrências de animais silvestres mortos por atropelamentos rodoviários, na região, em 2011. Dos 424 animais mortos por atropelamentos rodoviários na região, 182 estão na lista oficial de animais em extinção. Em uma projeção feita para todo o ano (2011), a média indica as mortes de 1.925 animais mortos.

Falta planejamento

Para Alex Bagger, é necessário que haja um planejamento anterior a implantação da rodovia, ainda na fase de projeto. "Se essa recomendação fosse seguida com maior frequência seria possível reduzir custos de implantação, definir melhores medidas de mitigação e sermos mais efetivos na proteção da biodiversidade. Outra solução é redução de velocidade em áreas críticas, mas normalmente os órgãos rodoviários não gostam muito deste método por interferir no tráfego local".

 

Alex Bagger: "Não existe uma pesquisa nacional de atropelamentos de fauna no Brasil" (Foto: Arquivo pessoal)


No Brasil já existem rodovias com passagens (túneis) e cercas, normalmente localizados em rodovias sob concessão ou onde a rodovia corta unidades de conservação. "No entanto, até o momento, não existem passagens aéreas tipo ponte (overpass), mas é uma questão de tempo que exigências ambientais obriguem a instalação destes sistemas também", concluiu.

Ibama não possui números do problema

Todos os projetos de construção, duplicação ou reforma de trechos rodoviários são submetidos às exigências legais estabelecidas pelo Ibama, para proteção da fauna silvestre. A assessoria do Ibama foi procurada em Brasília e informou que não possuía números de atropelamentos de animais silvestres no país.

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