(Maurício Vieira)
Melhor Carnaval do Brasil. O título que a festa momesca de Belo Horizonte ostenta surpreende até quem batalhou para que ela surgisse. Há dez anos, a capital ficava “às moscas” nos dias da folia. Hoje, as ruas são tomadas por uma multidão purpurinada e alegre.
No meio do mar de gente que atualmente pula e brinca ao som dos bloquinhos, é difícil encontrar quem aproveitava a festa na cidade em 2010, ano em que os primeiros grupos carnavalescos começaram a aparecer.
Mas não é para menos. Na época, a folia era tão tímida que o único registro que a prefeitura tinha era dos desfiles das escolas de samba – que nunca atraíram um grande público.
“Mas eu estava lá. Ia festejar na rua como forma de manifestação política, pois o Carnaval de BH é fruto de um protesto. A Praia da Estação foi uma das precursoras e, hoje, a folia está deste tamanho. É surpreendente”, lembra a antropóloga Isadora Mayrink, de 29 anos.
De acordo com a Belotur, em 2015, um milhão de pessoas curtiram o Carnaval na cidade. Três anos antes disso, nem há um cálculo
Respeito e diversidade
O produtor cultural Kdu dos Anjos cresceu junto com a folia da metrópole. Em seus 24 anos de existência, o músico celebra a esta nas ruas e vielas do município há uns oito. “Antes os blocos quase não tinham público, mas sempre acreditei que seriam gigantes. Sempre acreditei no Carnaval da cidade”, disse.
Com a ascensão da festa, a infraestrutura também cresceu. Banheiros químicos, segurança e interdições de ruas para “acomodar” o público. Até ônibus gratuito circula pela cidade para melhorar o tráfego dos foliões.
“O Carnaval evoluiu e a prefeitura abraçou a vontade do povo. A organização está cada vez melhor. Além disso, muita gente bonita. Talvez esse seja o nosso diferencial”, avalia a engenheira civil Nayara Utsch, que há nove anos curte o período em BH.
Já a publicitária Cristina Domingos, de 37 anos – que também ia tomar duchas na Praia da Estação – cita como diferencial o respeito e a diversidade. “Tem blocos para todos os estilos, para agradar a gregos e troianos. Além disso, aqui o assédio contra as mulheres é bem menor. Nos sentimos seguras para sermos o que quisermos”.
Como nem tudo são flores, alguns pontos ainda precisam melhorar. Na avaliação da professora Duda Salabert, a coleta de lixo é a principal queixa atualmente.
Cronologia da folia