Caso Bruno: Exposição na mídia a qualquer custo

Alessandra Mendes e Fernando Zuba - Do Hoje em Dia
18/11/2012 às 08:14.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:22
 (Hoje em Dia)

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A previsão de quem tem mais de 1.650 júris no currículo, com um índice de 94% de condenação, é a de que o julgamento que começa na segunda-feira (19), em Contagem, seja muito tumultuado. Francisco de Assis Santiago, promotor em Belo Horizonte, chegou a ser cogitado para atuar no caso, quando o responsável pelo processo, por parte do Ministério Público, ainda era o promotor Gustavo Fantini, hoje atuando na capital. Mas, usando a experiência de seus 62 anos, Santiago descarta essa possibilidade.

“Hoje nem se quisessem faria parte disso. Tudo está sendo feito com exposição exagerada e os prejudicados, independentemente da sentença, já são os réus”, afirma o promotor. Para ele, mesmo com cinco réus e 30 testemunhas, o caso poderia ser encerrado em três dias, não fosse o interesse pela ampla cobertura midiática.

Apesar de não participar efetivamente do júri, o promotor conhece superficialmente o caso e tem sua opinião profissional formada. “Que ela morreu, não tenho dúvida. E a quem mais interessava a morte dela? Ao Bruno, é claro”.
 
Provas

O promotor ainda alega que o fato de ser um júri de um “crime sem corpo” não interfere no resultado, porque há outras provas de que o assassinato realmente ocorreu.

“Antes de chegar na Justiça, há um inquérito, o indiciamento, a denúncia e tudo mais. Isso já passou por um colegiado de juízes que entende que há provas. Do contrário, não haveria o julgamento. Será que todos erraram?”, questiona Santiago.

O promotor já atuou em casos de grande repercussão, como o julgamento do crime no Sion, em que os réus foram condenados pela morte de dois empresários, degolados e queimados após serem extorquidos pelos autores do crime.

“Esse caso do Bruno tem muito apelo, por se tratar de uma figura conhecida. Mas, no que se refere à importância, não supera o júri do crime do promotor Chico Lins do Rêgo”, diz.

Voltando ao julgamento que promete fortes emoções a partir de amanhã, Santiago critica o fato de o promotor do caso Bruno, Henry Wagner Vasconcelos, ter consentido com a ampliação do tempo de debates.

“A lei fala que o prazo máximo é de duas horas e meia para as partes, mas negociaram o dobro para cada um. Eu negaria esse acordo, porque entendo que prejudica a acusação”, opina o promotor. Apesar das observações, Santiago acredita na condenação dos réus. “Confio na tese do Ministério Público, que certamente fará um bom trabalho”.

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