Caso Bruno teve “jogo de cartas” e denúncias anônimas

Jean Piter - Do Portal HD
14/11/2012 às 11:16.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:16

 

 

 

Em julho de 2010, no início das investigações sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, o primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, enviou uma carta aos pais dele. No texto, ele dizia que estava sofrendo pressão dos advogados para mudar o depoimento que apontava o goleiro Bruno como um dos responsáveis pela morte de Eliza.

A carta, que faz parte do processo, foi escrita quatro dias após a Polícia Civil fazer a reconstituição do caso, com base em informação passadas por Sérgio. O conteúdo do texto foi divulgado na TV em uma reportagem do “Fantástico”, da TV Globo.

De acordo com o depoimento de Sérgio, Eliza foi levada do sítio de Bruno, em Esmeraldas na Grande BH, de carro, por Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que trabalhava para o goleiro. Entretanto, quatro meses após o primeiro depoimento, Sérgio mudou a versão.

Sérgio Rosa Sales, que era réu no processo do caso Eliza Samudio, foi executado no dia 22 de agosto de 2012, no bairro Minaslândia, onde morava, em Belo Horizonte.

Localização do corpo

No dia 20 de junho de 2012, a mãe de Eliza Samudio, Sônia Fátima Moura, 44 anos, recebeu uma carta anônima que indica o local onde supostamente estaria o corpo da filha desaparecida. A mensagem chegou às mãos dela por meio da TV Alterosa, no dia em que ela esteve na emissora para conceder uma entrevista.

O texto apontava que o corpo de Eliza estaria no Parque Lagoa do Nado, no Bairro Planalto, Região da Pampulha, na capital. Na época, os Bombeiros e a Polícia Civil fizeram buscas no local, inclusive com mergulhadores que vasculharam o fundo da lagoa. Entretanto, nada foi encontrado.

Em julho de 2010, no auge das investigações, uma denúncia anônima dizia que o corpo de Eliza teria sido jogado na Lagoa Suja, em uma propriedade particular no limite dos municípios de Contagem e Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Corpo de Bombeiros foi ao local em busca de evidências, porém, nem um vestígio do corpo foi localizado.

“Plano B”

No dia sete de julho de 2012, a revista “Veja” publicou uma carta, de autoria do goleiro Bruno, endereçada a Luiz Henrique Romão, o Macarrão. No texto, o goleiro falava sobre um “plano B”. Ele pedia para que Macarrão assumisse a responsabilidade pela morte e desaparecimento de Eliza Samudio, o que teria ocorrido sem o consentimento dele. Bruno ainda ressaltava que, ao cometer o crime, Macarrão teria traído a confiança dele e que, por isso, não poderia pagar por algo que não fez.

O advogado de Bruno, Rui Pimenta, confirmou que a carta foi escrita pelo goleiro em novembro de 2011. A correspondência teria sido entregue a Macarrão por um detento, sem passar pelos registros da Secretaria de Estado de Defesa Social. Na época, por ter violado a norma de procedimento da penitenciária, Bruno ficou impedido de trabalhar, receber visitas e tomar banho de sol por 20 dias.

Declaração pública

O goleiro Bruno Fernandes enviou seu primeiro comunicado à imprensa no dia 12 de julho de 2012. Em carta endereçada ao apresentador do programa “TV Verdade”, da “TV Alterosa” de Belo Horizonte, ele se declarou inocente no caso do desaparecimento de Eliza Samudio. A correspondência foi entregue pelo advogado de Bruno, Rui Pimenta.

No texto, Bruno assumiu que errou ao ter confiado em algumas pessoas, em clara referência a Luiz Henrique Romão, o Macarrão. Ele também destaca que pretende cuidar do filho que teve com Eliza, o Bruninho.

Abaixo, o conteúdo da carta na íntegra:

"Meu caro Carline Inicialmente mando lhe um abraço, desejando lhe muito sucesso, bem como “cidadão Eder”, que muito engradece esta mesa. “Na fé de Deus”, agradeço o seu espaço na TV, onde tem procurado esclarecer o processo que estou envolvido. Te confesso pelo “sangue de Cristo Jesus”, que nunca desejei, ordenei ou determinei a quem quer que seja o desaparecimento da Eliza Samudio! Inclusive gostaria de acrescentar que o Bruninho tem sim um pai, aliás, sempre teve e vou honrá esse compromisso perante a sociedade. Sei que estou pagando já há dois anos de prisão, por um possível crime que não cometi, nem ordenei e Deus é minha testemunha, e saberá cobrar quem merece, pois Deus é misericordioso, más também justo. Carline, sei do seu valor e profissionalismo, pois sempre lidei com a imprensa, tanto no Atlético Mineiro, Corinthians e Flamengo. Olha Carline vou ficando por aqui deixando um forte abraço para toda a família da TV Verdade e deixando bem claro que sempre lutei pelos meus objetivos, talvez o único erro da minha vida foi ter confiado em algumas pessoas, mas vou lutar com todas as forças para provar para o mundo, que eu sou “inocente”! Em nome de Jesus." (sic) Belo Horizonte, 12/7/2012 Bruno Fernandes

 

Eliza está viva

No dia sete de novembro de 2012, o advogado de Bruno, Rui Pimenta, afirmou ter recebido uma carta com informações sobre o paradeiro de Eliza Samudio. No programa “TV Verdade”, da TV Alterosa, ele revelou o conteúdo do texto. Eliza estaria viva e vivendo em outro país com o nome de Olívia Guimarães Lima. Ela teria conseguido documentos falsos para sair do Brasil com a ajuda do padrasto do goleiro Bruno.

Rui Pimenta afirmou que, no julgamento, vai usar a informação para reforçar a tese de que, sem um corpo, a morte de Eliza não pode ser provada. Dessa forma, a possibilidade de ela estar viva seria tão possível quanto a dela ter sido assassinada.

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