Casos de febre maculosa se espalham por Minas e chegam a Betim e Ribeirão das Neves

José Vítor Camilo
18/06/2019 às 17:37.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:10
 (Jerry Kirkhart/Reprodução)

(Jerry Kirkhart/Reprodução)

Depois da constatação de um surto em Contagem, outras duas grandes cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte também confirmaram casos de febre maculosa: Betim e Ribeirão das Neves. Juntos, os municípios possuem mais de 500 mil habitantes. Um novo balanço da doença em Minas Gerais mostra que ela vem se espalhando, chegando a 15 casos confirmados em nove cidades diferentes. Deste total, sete evoluíram para morte e oito terminaram com a cura dos pacientes. Os números foram divulgados nesta terça-feira (18) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Até então as mortes eram seis, porém, um novo óbito foi confirmado ao longo da semana na cidade de Belo Vale, na região Central do Estado. Apesar disso, Contagem continua sendo o município com mais casos da enfermidade, seis. Com isso, a cidade atinge taxa de letalidade de 66,67%, índice 20% superior que o de todo o Estado, que é de 44,67%.

Contagem é a única da Grande BH que registrou mortes pela doença até agora em 2019, já que a capital, Ribeirão das Neves e Betim tiveram apenas um caso confirmado - com cura - cada, segundo a SES. Entretanto, a confirmação de febre maculosa nas três cidades vizinhas mostra que a doença está avançando. 

Betim tem 12 casos em investigação

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Betim explicou que, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, são investigados 12 casos suspeitos de febre maculosa além do já confirmado. "A paciente confirmada é moradora do bairro Jardim Teresópolis, provável região de contágio", pontua o órgão. 

Todas as orientações do Ministério da Saúde (MS) para municípios que registram a doença já estariam sendo adotadas, como vigilância dos casos e das áreas de risco, além da garantia de assistência aos possíveis casos suspeitos. O Centro de Controle de Zoonoses e Endemias (CCZE) já foi acionado para que seja feita investigação dos locais de possível infecção e a busca e tratamento de animais infestados. 

"Outra medida é comunicar as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de referência sobre a suspeita da doença para que as equipes fiquem atentas ao surgimento de outros casos", acrescenta. 

Ainda conforme a Prefeitura de Betim, o Centro de Controle informou que, na cidade, existem capivaras em seu habitat natural, em algumas áreas do rio Betim, onde não há contato direto com a população, e no condomínio Montserrat, que está na zona rural. "As capivaras são animais silvestres e o seu controle no habitat natural deve ser feito pela Polícia do Meio Ambiente e Secretaria Estadual de Meio Ambiente", concluiu.

Ribeirão das Neves tem outra confirmação ainda não computada pela SES

O Hoje em Dia também procurou a Prefeitura de Ribeirão das Neves, que informou, por meio de nota, que, além do caso divulgado pela secretaria estadual, há ainda um segundo registro já confirmado da doença na cidade, mas que ainda não foi contado pela SES. Um dos casos foi confirmado pela Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) JK, em Contagem, e o outro pelo Hospital Odilon Behrens, em BH. No primeiro deles, trata-se de um morador do bairro Jardim Alvorada, na divisa com Contagem, e o segundo envolve um morador do bairro Landi II, na região do Justinópolis. 

"Os pacientes foram tratados e o estado de saúde dos dois é bom e ambos receberam alta hospitalar. A Secretaria Municipal de Saúde realizou Ação Preventiva no Condomínio Canto dos Pássaros, região de divisa entre os municípios de Ribeirão das Neves e Contagem. A ação contou com a equipe de Agentes de Combate a Endemias da região e a Equipe da FUNASA para a realização do trabalho. Foi realizada catação de carrapatos e o  trabalho de arrastão. Os carrapatos capturados nas localidades foram encaminhados para o laboratório de entomologia do Estado para análise", concluiu o município.

Resto do Estado

Além de Belo Vale, que confirmou um único caso com morte até agora, os dados divulgados pela SES apontam também que a segunda cidade com mais casos confirmados da doença em Minas Gerais é Faria Lemos, na Zona da Mata, onde já foram registradas uma morte e um caso curado da doença. Além disso, a outra morte que foi confirmada por febre maculosa no Estado aconteceu em Raul Soares, também na Zona da Mata.

O balanço traz ainda as cidades que confirmaram casos de febre maculosa mas que evoluíram para cura, que são Governador Valadares, na região do Rio Doce, e Curvelo, na região Central do Estado. SES / DIVULGAÇÃO / N/A
Confira o quadro com todos os casos confirmados da doença em MG

A doença e medidas de prevenção

Transmitida às pessoas pela picada do carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, a febre maculosa se apresenta pelos seguintes sintomas: febre alta, dor de cabeça, dores no corpo, mal estar, náuseas, vômitos e, em alguns casos, manchas avermelhadas na pele, especialmente na palma das mãos e na planta dos pés. Considerada grave, se não for tratada logo no início do aparecimento dos sintomas, pode levar à morte.

De acordo com a SES, o diagnóstico tardio é um dos fatores que elevam a gravidade da doença. Portanto, é fundamental que, diante de sintomas da doença, após a estadia em locais com grandes chances de infestação de carrapatos, o paciente procure imediatamente o serviço de saúde e relate ao profissional médico que esteve em áreas propícias para a presença desses animais. 

A coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da SES-MG, Mariana Gontijo, enfatiza sobre a importância do tratamento rápido. "Diante da suspeita clínica da febre maculosa, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, devido à gravidade da evolução da doença. O início da investigação deve ser imediato, após a notificação, para que as medidas de prevenção e controle sejam adotadas em tempo oportuno”, pontua.

Como medidas gerais e individuais para prevenção da febre maculosa, a SES reforça alguns cuidados importantes para quem for frequentar áreas como matas, rios, cachoeiras e que possuem criação de animais domésticos como cães, cavalos, bem como ambientes com a presença de animais silvestres como capivaras ou gambás, que são propícios para os carrapatos. Durante o contato com estas áreas, a principal recomendação é que sejam realizadas inspeções no corpo em intervalos curtos de tempo, pois quanto antes os carrapatos forem identificados e retirados do corpo, menor a chance de transmissão da doença.

Outras medidas de prevenção:

- Uso de repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos em indivíduos que frequentam ambientes favoráveis à presença dos mesmos;
- Uso de roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados (preferencialmente com meias brancas e de cano longo) ao frequentar ambientes favoráveis à presença de carrapatos, o que facilitará a visualização dos animais;
- Uso de equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais (capina e limpeza de pastos);
- Evitar se sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos em atividades de lazer como caminhadas, piqueniques, pescarias, etc;
- Examinar o corpo periodicamente ao frequentar áreas propícias à presença de carrapatos, tendo em vista que quanto mais rápido eles forem retirados do corpo, menor a chance de infecção;
- Se verificados carrapatos no corpo, retirá-los com leves torções e com o auxílio de pinça, evitando o contato com unhas e o esmagamento do animal;
- Utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações do profissional médico veterinário;
- Limpeza e capina periódica de lotes não construídos e áreas públicas com cobertura vegetal;
- Manter vidros e portas fechados em veículos de transporte em áreas com risco de infestação de carrapatos

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