
Um dia após becos e barracos da Vila Barraginha, em Contagem, na Grande BH, terem sidos tomados pela chuva, o cenário era de caos no local. Móveis que foram totalmente destruídos estavam amontoados nas pequenas vielas. Os entulhos dividiam o espaço com lama e ratos, que corriam soltos ao lado dos moradores e muitas crianças.
A Vila Barraginha foi um dos locais mais atingidos pelo temporal que despencou na capital e no município vizinho, na tarde desse domingo (19). Na manhã desta segunda-feira (20), quem vive no aglomerado fez uma força-tarefa para limpar o que restou.
Caso do motorista Antônio Ferreira da Silva, de 45 anos. Ao lado de um amigo e da filha mais velha, ele lavava as paredes e retirava a sujeira do chão. "Não restou praticamente nada dos seis cômodos. Perdi tudo e, agora, vou ter que batalhar para tentar reconstruir a vida", disse (veja depoimento acima).
No momento da tempestade, a esposa e a filha mais nova do motorista, uma menina de 8 anos, estavam na residência. "A água subiu muito rápido e minha mulher ficou desesperada, sem saber até para onde fugir. É triste saber que essa tragédia se repete com frequência. Agora, é trabalhar para comprar tudo de novo", lamentou.

Na manhã desta segunda-feira (20), moradores contabilizavam os prejuízos deixados pela tempestade
Desta vez, o lavador de carros Carlito Cândido, de 59 anos, não teve a casa alagada. Porém, tirou a manhã para ajudar o amigo que perdeu tudo na enchente. "Esse cenário me fez relembrar a tragédia que aconteceu em 1992. Fiquei com medo da Vila Barraginha ser palco de mais mortes', contou.
O caso que ele se referiu aconteceu em 18 de março de 1992. Na época, um deslizamento de terra deixou 36 mortos, centenas de feridos e desabrigados. Conforme a prefeitura, pelo menos 150 barracos e casas foram soterradas.