Cerca de 30 pessoas não querem deixar área de risco em Barão de Cocais, diz major da Defesa Civil

Lucas Eduardo Soares
08/02/2019 às 17:59.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:28
 (Riva Moreia / Hoje em Dia)

(Riva Moreia / Hoje em Dia)

Mesmo com as sirenes e presença de agentes de segurança, cerca de 30 pessoas ainda não deixaram suas residências nos povoados de Socorro, Piteiras e Tabuleiro, na zona rural de Barão de Cocais. A cidade da região Central mineira acordou nesta sexta-feira (8) com os avisos sonoros da Vale sobre o risco de rompimento da barragem Gongo Soco. 

Segundo o major da Defesa Civil Carlos Eduardo Lopes, as famílias resistentes acreditam que estão seguras por conta de declives próximos às suas casas. No entanto, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Justiça Judiciária estão nos povoados para sensibilizar as pessoas e, dessa forma, retirá-las da zona de risco. Até esta tarde, 239 pessoas deixaram suas residências.

Segundo o major, o raio de 11 quilômetros no entorno da mina foi vistoriado. Foi constatado que vivem naquela região cerca de mil pessoas, se contabilizadas as localidades dentro e próximas ao limite. "Fizemos uma visão aérea e o fato de pessoas não estarem concentradas nos trouxe certa tranquilidade", disse.

"Nós trabalhamos o nível de alerta 2, que determina a evacuação. Havendo o rompimento, esperamos que não haja pessoas, para que elas não tenham contato com essa água. Nos preocupamos com a possível inundação decorrente do volume, do aumento de rejeitos no rio", acrescentou.

A precoupação do major se dá pela proxidade entre a barragem e o rio São João. De acordo com ele, o leito está a cerca de 1,2 km da mina. "Em caso de rompimento, o rio será afetado. Então, haverá a mesma situação de Brumadinho, de possível contaminação de água e cuidados necessários para que as pessoas não venham a ter contato com essa água".

Prefeito cobrou atestado de estabilidade

Na manhã desta sexta-feira, o prefeito da cidade, Décio Geraldo dos Santos (PV), informou que aguardava posicionamento oficial da Vale sobre a estabilidade da barragem e que os órgãos trabalhavam "com a pior das hipóteses".

O chefe do Executivo municipal explicou ainda que aproximadamente cinco barragens estão localizadas na cidade e que elas atestavam, antes do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, condições estáveis. Contudo, depois da tragédia que matou pelo menos 157 pessoas, Décio disse ter solicitado novas análises sobre essas estruturas.

“Pedimos novamente os laudos e estamos esperando. Já passou da hora. Estamos precisando, agora, para saber (a situação)”, informou. Segundo ele, isso pode causar impactos financeiro, social, mas que o mais importante neste momento “são as vidas”. 

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