Chegada de turistas aumenta risco de transmissão de doença

Raquel Ramos - Hoje em Dia
28/05/2014 às 08:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:46
 (Ernesto Rodrigues)

(Ernesto Rodrigues)

O encontro de turistas e brasileiros, durante a Copa do Mundo, aumenta o risco de transmissão de doenças entre os dois grupos. O alerta é de médicos, que acreditam que casos de febre amarela, hepatites A e B e até poliomielite podem surgir devido à circulação de vírus entre a população. Só Minas deve receber, segundo projeção do governo do Estado, 600 mil visitantes, boa parte vindos do exterior.

O vírus da febre amarela, por exemplo, ainda circula em Minas, no Rio e em estados do Norte e do Nordeste, alerta o infectologista João Paulo Campos.

Embora o Ministério da Saúde descarte o risco de um surto de dengue durante o Mundial, o médico diz que a doença pode pegar muita gente de surpresa. “As chuvas chegaram tarde este ano”. O acúmulo de água favorece a proliferação do mosquito transmissor da doença.

Proteção

Contra a febre amarela, existe vacina – a única recomendada a quem visita o Brasil. O país não exige comprovante de imunização contra outras doenças.

Para ter eficácia, porém, a dose contra a febre amarela deve ser tomada dez dias antes da viagem.

“Hepatites A e B ainda existem no Brasil e também tivemos um surto recente de sarampo, no Nordeste, e casos de coqueluche, em 2010”, acrescenta a responsável pelo serviço de Medicina do Viajante do Laboratório Hermes Pardini, Marilene Lucinda.

O turista sem seguro-saúde será atendido nos hospitais públicos, enfrentando a mesma fila do cidadão comum. “A experiência de outras Copas mostra que não é necessário um esquema especial. Na África do Sul, cinco surtos de doenças causadas por alimentos foram os casos mais sérios”, diz a coordenadora do Centro de Informações e Estratégias de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Tania Marcial. Além disso, muitas vezes o vírus fica encubado e só se manifesta quando o turista já voltou para casa.

Um plano especial foi montado para o atendimento se houver um desastre, como a queda de uma arquibancada, nos hospitais João XXIII, Risoleta Neves e Odilon Behrens. O hospital Eduardo de Menezes será acionado em episódios de bomba biológica ou epidemia.

Meningite e sarampo, ameaças a mais para os brasileiros

Brasileiros também não estão imunes a problemas de saúde. Estrangeiros que vierem assistir à Copa podem estar carregando vírus responsáveis pelo desenvolvimento de doenças já erradicadas no país.

“Não existe poliomielite nas Américas. Mas o vírus ainda circula na Ásia e África. A meningite é outro risco. Há muitas áreas endêmicas no mundo”, adverte Marilene Lucinda, do Hermes Pardini.

Coordenadora do Centro de Informações e Estratégias de Vigilância em Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde, Tania Marcial aumenta a lista.

“O sarampo está controlado em Minas Gerais, enquanto a Europa continua a registrar casos da doença. O coronavirus também é uma ameaça. Há ocorrências na Península Arábica e nos Estados Unidos”.

Os adultos ficam mais expostos aos problemas. Geralmente, eles não estão com as vacinas em dia ou alguma proteção pode estar com a validade vencida.

Estratégia

Alertas ao perigo, começa a funcionar hoje o Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (CIOCS), do Ministério da Saúde. No local, serão monitoradas situações de risco, demanda por atendimento e vigilância epidemiológica e sanitária nas 12 cidades-sede do Mundial. Pelos próximos 57 dias, 1,5 mil profissionais da saúde estarão envolvidos nas atividades.

Em BH, o Serviço de Atenção à Saúde do Viajante (rua Paraíba, 890) terá o atendimento estendido em até duas horas em dias de jogos na cidade. O objetivo do serviço é orientar viajantes e moradores sobre doenças transmissíveis, cuidados com higiene e medicações.

Quem estiver com alguma vacina de rotina pendente pode ser vacinado no local ou, caso a proteção não seja fornecida pelo SUS, é feita a indicação de um serviço particular.

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