Chuva acelera deterioração da igrejinha da Pampulha; obra só começa após 1º trimestre

Renato Fonseca - Hoje em Dia
16/01/2016 às 07:51.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:02
 (Marcelo Prates/Hoje em Dia)

(Marcelo Prates/Hoje em Dia)

Novas infiltrações no teto próximo ao altar, fendas mais aparentes no forro de madeira e goteiras por todos os cantos. Enquanto a tão aguardada reforma na Igreja São Francisco de Assis não acontece, a deterioração do ícone modernista projetado por Oscar Niemeyer se agrava. Anunciada em maio de 2014, a restauração só deve ocorrer após o primeiro trimestre.

Orçada em R$ 1,4 milhão, a obra da Igrejinha da Pampulha conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Porém, a demora na liberação da verba, uma licitação cancelada e casamentos agendados até o fim deste ano emperraram a empreitada.

A intervenção prevê reparos nas juntas de dilatação da estrutura em forma de abóbada, troca do forro, nova pintura, polimento do piso de mármore e limpeza das fachadas.

A falta de zelo com o principal cartão-postal de Belo Horizonte se arrasta há mais de dois anos. Em dezembro de 2013, o Hoje em Dia mostrou os mosaicos de pastilhas azuis e azulejos do pintor Cândido Portinari danificados, além de marcas de mofo e o precário sistema elétrico. O edital para a reforma foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM)somente seis meses depois.

Teto tem infiltrações, goteiras encharcam o chão, e água brota do forro de madeira (Foto: Marcelo Prates/Hoje em Dia)


Consequência

Nessa sexta (15), após chuva durante toda a madrugada e início da manhã, uma funcionária limpava o chão encharcado. Vários assentos também estavam molhados. No teto, era possível ver várias lascas de tinta se soltando.

À frente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Clemenceau Chiabi chama a atenção para o perigo de parte do forro de madeira vir abaixo. “Com relação à estrutura de concreto, não há problema. Porém, a madeira está podre, e quanto mais se demora para iniciar a obra, mais deteriorada fica. O risco existe e não pode ser ignorado”.

O presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira, garante que a situação não compromete a busca do conjunto arquitetônico da Pampulha para se tornar patrimônio mundial da Unesco.

“O projeto de restauração da Igrejinha está aprovado há algum tempo, e há recursos em caixa na prefeitura. A obra não foi feita ainda porque é preciso resolver a questão dos casamentos agendados ao longo do ano”. Oliveira afirma haver um “esforço mútuo entre poder público e Arquidiocese para resolver a questão”.

Funcionária precisa ficar a postos: a cada chuva, ela entra em ação com o rodo (Foto: Marcelo Prates/Hoje em Dia)


Arquidiocese fará propostas a noivos para viabilizar reforma no templo religioso

Até dezembro, 215 casamentos estão agendados na capela. Segundo a coordenadora executiva do Memorial da Arquidiocese de BH, Maria Goretti Gabrich Fonseca Freire Ramos, reuniões irão ocorrer com os noivos a partir da semana que vem. Duas propostas serão apresentadas. No entanto, ela evita antecipar possíveis alternativas.

Nos bastidores, comenta-se que, dentre as propostas, está a possibilidade da cerimônia ocorrer do lado de fora do templo. Mudanças de datas e até de igreja não estariam descartadas. Mas Maria Goretti também não confirma. Segundo ela, foi acordado com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) que a liberação do templo ocorra apenas em 1° de junho. A Sudecap, porém, diz que a previsão de início da obra é para o primeiro trimestre. A licitação foi homologada em novembro de 2015.

Igreja da Pampulha é uma das obra-prima do arquiteto Oscar Niemeyer (Foto: Marcelo Prates/Hoje em Dia)


Histórico

Considerada obra-prima do arquiteto Oscar Niemeyer, a Igrejinha da Pampulha passou pela primeira das cinco reformas já realizadas em 1954; a última restauração ocorreu há mais de uma década, em 2005.

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