Chuva antecipa dispersão e diminui movimento na Praça da Estação

Bruno Inácio
02/03/2019 às 13:43.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:48
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

O desfile do bloco Então, Brilha!, primeiro a sair pelas ruas de Belo Horizonte neste sábado (2), terminou sob chuva no início da tarde. Tradicional ponto de encontros dos foliões, a Praça da Estação, lotada em outros carnavais, foi esvaziada em função do mau tempo.

Outros blocos previstos para desfilar pela cidade também tiveram o movimento reduzido. O Quando Come se Lambuza, na avenida Afonso Pena, estava no auge quando a chuva começou a cair. Apesar de os foliões relutarem para deixar a rua, a intensidade da chuva acabou dispersando o movimento. O Pata de Leão, por exemplo, que sairia no entorno da Praça da Liberdade, teve o cortejo adiado. 

Antes, cerca de 100 mil pessoas, de acordo com os organizadores do Então, Brilha!, acompanharam a bateria pelas ruas da região central. Não houve estimativa da Polícia Militar.

Para muitos, a chuva que caiu foi a apoteose de uma manhã marcada por memórias e protestos, mas colorida pela diversidade e pela alegria. Eram 5h quando os primeiros foliões chegaram à esquina da rua Curitiba com a avenida do Contorno, para onde estava marcada a concentração do Brilha.

A mudança de local - até o ano passado, o bloco se concentrava na rua dos Guaicurus - e o atraso de quase uma hora não foram motivo para dificultar o encontro. “Que festa linda Belo Horizonte faz. Estou maravilhada. Nunca tinha visto um Carnaval que envolvesse tanta gente da periferia. Acho isso importante”, opinou a brasiliense Natália Ferreira, de 26 anos.

Homenagens

Como de costume, o cortejo do Brilha foi muito politizado. Mulheres da bateria homenagearam a vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada em março do ano passado no Rio de Janeiro. "Vidas negras importam, Marielle presente”, bradou o regente do bloco.

Mais tarde, foi a vez de as mulheres gritarem contra o machismo. No trio, uma cantora lembrou que o machismo é causa de agressões e violência contra a mulher. Em coro, o público cantou “Maria de Vila Matilde”, canção de Elza Soares que trata de violência doméstica. “'Cê' vai se arrepender de levantar a mão pra mim”, foi repetido diversas vezes.

Brumadinho

Também houve protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL). A marca do cortejo do Brilha, no entanto, foi a homenagem feita a Brumadinho - cidade da Grande BH devastada pela tragédia envolvendo o rompimento de uma barragem da Vale.

Cerca de 3 horas após o início do desfile, a bateria do Brilha rifou os tambores e, após um som estrondoso, o público fez um minuto de silêncio. Uma sirene, representando o momento do rompimento da barragem, também foi soada. “Vamos aqui lembrar que Brumadinho não será esquecida”, gritou o animador. O público aprovou a iniciativa. “Foi sensacional, pois mostra como a gente sente a dor de Brumadinho. A vida segue, mas o luto continua”, afirmou a dentista Daniela Veloso, de 28 anos.

No início da tarde, o hino do Então, Brilha! foi tocado pela última vez antes de a multidão se dispersar pela Praça da Estação. À tarde, o local vira palco do encontro de vários blocos tradicionais em BH.  (Colaborou Lucas Borges)

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