Chuva que atingiu Belo Horizonte no período encheria 564 milhões de piscinas

Ana Clara Otoni - Do Hoje em Dia
03/10/2012 às 09:22.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:46

Estudos e previsões meteorológicas poderiam tranquilizar ou precaver autoridades e moradores sobre os riscos de alagamentos, enchentes e deslizamentos. Porém, nem sempre os especialistas no clima acertam, já que é preciso contar com a personalidade forte de São Pedro e com as brutais ações do homem contra a natureza. Os belo-horizontinos, principalmente, sentiram todos esses fatores na pele. Em dezembro de 2011 o volume de chuva que atingiu a capital foi histórico. Foi a primeira vez em 100 anos que foi registrado um número tão alto de chuvas em Belo Horizonte: só em dezembro choveu 720 milímetros, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O recorde anterior havia sido registrado em 1987, quando choveu 644,4 em apenas um mês na capital mineira.

Para o meteorologista Adelmo Correia, do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima, a má distribuição de chuva foi o que mais diferenciou o período chuvoso de 2011-2012 dos anteriores. "Foram dias consecutivos sem chuva com intercalações entre dias com muita chuva. Com isso, a chuva acumulada no período foi 1.703,4 mm na regional Centro-Sul, superando o acumulado climatológico", diz.  A previsão para a temporada, segundo o especialista, era de 1.318,3 mm.

Correia diz que foram registrados na capital 100 milímetros de chuva em apenas 24 horas em seis regionais, nos meses de novembro e dezembro de 2011. Sabe o que isso significa? Considerando que milímetro de chuva fornece um litro de água por metro quadrado, pode-se dizer que choveu 100 litros de água para cada metro de Belo Horizonte em apenas um dia.

Para se ter uma ideia da grandeza desses números, de acordo com o matemático Gilcione Nonato, do departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), daria para encher 564 milhões de piscinas de 1.000 litros com o volume de chuva que atingiu Belo Horizonte nos cinco meses do período chuvoso (1.703,4 mm). Com tantas piscinas, seria possível cobrir 3,4 vezes a área total de Belo Horizonte. “O número 564 milhões é tão grande que é 11 vezes o número de combinações de 6 dezenas da Mega-Sena, já que o número de combinações o concurso é algo em torno de 50 milhões”, afirma o especialista.

O que provocou os temporais?

Foram registrados oito episódios de Zonas de Convergências do Atlântico Sul (ZCAS) na capital, o que influenciou nas condições do tempo, conforme Adelmo Correia, do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima. Além das pancadas típicas de verão, que ocorrem à tarde e à noite, a grande concentração de volume de chuva observada principalmente no Sudeste do país deve-se à uma extensa massa de nuvens que ficam praticamente estacionadas na região por vários dias. O fenômeno que é ainda mais recorrente em janeiro recebeu o nome de ZCAS.

Assim, quando os ventos úmidos e quentes que geralmente sopram da região Norte do Brasil se juntam aos ventos frescos do mar, ocorre um choque no Sudeste e o resultado são os temporais.
 
O que vem por aí?

De acordo com o meteorologista Adelmo Correia, do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima, para o período chuvoso que vai de outubro de 2012 até março de 2013 são esperadas chuvas em torno da média, já que a ocorrência do fenômeno El Niño deve provocar condições de neutralidade, durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2012. "Mesmo assim, ressaltamos a atenção para os meses mais chuvosos em BH que são: dezembro e janeiro. Nestes a chuva acumulada pode supera os 300 mm/mês", alerta o especialista. Confira a infografia que dá dicas sobre como agir em casos de enchentes e inundações.

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