Abandonadas há oito anos, barragens sob risco serão descomissionadas em Rio Acima

Bruno Inácio
13/05/2019 às 18:06.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:38
 (Semad/Divulgação)

(Semad/Divulgação)

As duas minas de rejeitos de mineração que estão abandonadas há oito anos em Rio Acima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vão, enfim, ser descomissionadas, processo no qual elas são descaracterizadas e deixam de oferecer riscos à população. Nesta segunda-feira (13), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), informou que o Estado vai assumir as obras das barragens 1 e 2 da Mina do Engenho D´Água, que pertenciam à Mundo Mineração Ltda.

As obras, que começam nesta segunda, devem durar cerca de dez meses. Segundo a Semad, os custos para os cofres públicos são de cerca de R$ 7,3 milhões, mas pelo abandono que as instalações estão, os valores devem subir para cerca de R$ 15 milhões.

Em novembro do ano passado, o Hoje em Dia mostrou que as duas barragens eram motivo de uma disputa judicial entre o governo de Minas e a Mundo Mineração Ltda, empresa que faliu em 2016 e que minerava ouro na região. O secretário adjunto de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Anderson Aguillar, diz que, como os donos da empresa são estrangeiros e estão fora do Brasil, o Estado foi obrigado a assumir as obras.

"A empresa foi condenada a reparar o dano (ambiental pela instalação das barragens). Devido ao sócios terem saído do país, eles não foram localizados. Em outra ação, o Estado foi condenado a reparar o dano. Então nós montamos um comitê em 2017 e começamos a estudar projetos que seriam eficientes na descaracterização", afirma.

Todavia, mesmo com o início das obras, o governo pretende cobrar dos sócios da Mundo Mineração, o custeio das intervenções nas duas barragens. "O Estado tem um custo hoje de aproximadamente R$ 15 milhões devido ao abandono da empresa. Nós estamos tentando localizar os responsáveis pela empresa para que possam ressarcir os cofres públicos", comenta Aguillar.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Rio Acima não comentou sobre os problemas nos locais. Os proprietários da Mundo Mineração não foram localizados pela reportagem. Em nota, a Semad informou que as investigações "continuam, intensamente, para responsabilização criminal e civil", dos sócios.

Etapas

As barragens usadas para mineração de ouro em Rio Acima são duas. A Barragem 1 recebia resíduos sólidos e Barragem 2 recebia líquidos. Nesta segunda-feira (13), começou o tratamento da água que está na 2 e contenção dos rejeitos que estão na 1. Em abril, segundo a Semad, uma estação de tratamento de água, com capacidade para tratar até 40 litros de rejeitos por segundo, foi montada no local.

O diretor de Operação Metropolitana da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Rômulo Perilli, explicou que, "Depois de tratado, o material é retido nesta estação de tratamento, será envelopado e trazido para a represa. A bacia 2 terá volume diminuído e trazido para esta bacia. Assim, diminuímos o nível das duas", disse.

O líquido só será lançado no rio das Velhas após análise e autorização do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). 

Para garantir a estabilidade das estruturas durante as obras, estão sendo instalados piezômetros e inclinômetros, que vão monitorar a movimentação dos maciços e da encosta.

Segundo a Copasa, após o tratamento dos resíduos e dinibuição dos níveis das barragens, serão feitas obras de recomposição de vegetação e drenagem da área, instalação de manta geotêxtil de polietileno de alta densidade e tratamento de erosões.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por