Aluguéis de roupas, bolsas de grife e até smartphones surgem como novo nicho de mercado

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
03/11/2014 às 07:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:52
 (facebook)

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Se falta dinheiro, sobra ostentação. Para quem está com a grana curta mas com um desejo enorme de “causar”, um alento: roupas e bolsas de grife e até o queridinho dos smartphones podem ir parar no seu armário e nas suas mãos num piscar de olhos. E o melhor, por um precinho razoavelmente camarada.

Novo filão de mercado, aposta dos menos endinheirados ou dos interessados em um passeio rápido, mas pretensioso, com os “acessórios” em questão, aluguéis inusitados têm pipocado por aí. A opção de pagar menos (até 10% do valor de venda), mesmo que por tempo limitado, vem ganhando adeptos.

A novidade mais quente vem do Nordeste, mas já com promessa de se espalhar pelo “mundo”. Mineiro de Paracatu, Noroeste do Estado, o editor de vídeo Marco Aurélio Constantino, de 28 anos, resolveu, há pouquíssimo tempo, dividir o próprio luxo com os colegas mais íntimos. Se for preciso, até o telefone pessoal vai passear na balada. Com o slogan “A primeira impressão é a que fica”, ele aluga iPhones aos fins de semana. Clientes não faltam, garante.

“Mas só fecho negócio com amigos ou conhecidos. A procura está tão grande que nem propaganda faço mais”, avisa. Os aparelhos, todos quatro do modelo 5, e brancos, para não serem confundidos com outros menos sofisticados, podem ser (provisoriamente) adquiridos pela bagatela de R$ 350 (sexta-feira a domingo) ou R$ 120 (diária). Os aluguéis não chegam, nem de perto, próximos dos preços de venda, em média R$ 1.900.

Se vale a pena desembolsar a quantia toda vez que for a uma balada ou que quiser tirar foto no espelho da academia ou do shopping? A resposta é sim. “A gente trabalha, mas não tem condições de comprar. Então paga uma vez, usa, curte, arrasa, banca de rico e depois devolve. Não tem problema com dívida nem SPC atrás”, explica o cabeleireiro André*, cliente assíduo da “loja” de Marco Aurélio, em Natal, no Rio Grande do Norte.

Só Grife

Já em Belo Horizonte, a moda é usar – e arrasar – com vestidos e bolsas de marcas famosas (e caras!) e devolvê-los no dia ou na noite seguintes. A proposta nasceu das experiências pessoais das sócias Marina Perktold Dumont e Andréa Guerra Lages. “Vestido de festa é algo que se usa pouco, e as mulheres hoje em dia não gostam de repetir. Acontecia comigo, com minha sócia e com as amigas. E quem não tem vontade de usar uma peça de luxo por um preço mais acessível?”, comenta Marina.

A Madre Store, no bairro de Lourdes, zona Sul da capital, traz a ideia, inédita na cidade, de locação de vestidos e bolsas de grifes sofisticadas como Emilio Pucci, Chanel, Marchesa, Louis Vuitton e Valentino. Para levar para casa – por um fim de semana – os preços variam de R$ 150 a R$ 750, para vestidos, e de R$ 50 a R$ 110, para bolsas. As peças, na maioria importadas de Nova York, vestem do 36 ao 48.

Cliente de primeira viagem, a advogada Maira Costa, de 34 anos, alugou um look completo para um casamento na praia por R$ 436, e já ensaia uma segunda passagem pelo closet de luxo da loja. “Amei a ideia. A gente encontra uma boa variedade e consegue ficar bem vestida por um preço razoável”, comentou.

Malas e até cachorros entram na lista de locação

Mas aluguéis inusitados não existem apenas para satisfazer desejos luxuosos. Há situações em que substituir a mala de viagem comprada, por exemplo, por uma opção “emprestada” pode valer mais a pena. É esse o conceito da Get Malas, em BH. A loja, que passa por um processo de reformulação, tem 60 opções de malas para diferentes ocasiões: pequenas, grandes, gigantes, rígidas ou maleáveis. A proposta é levar um serviço prático com preço justo a quem quer, principalmente, poupar espaço.

“A ideia é atender uma necessidade pessoal. Mala é um negócio que ocupa muito espaço no armário e é pouco utilizada. Então, para que comprar algo que, na maior parte do tempo, vai ficar guardada”, afirma o “dono” da ideia, Tiago Santiago Botelho.
Para viajar tranquilo é simples. Tão simples que o empresário Alberto Melilo, 45 anos, já recorreu à novidade nada menos do que quatro vezes. “Acho preferível locar, gastar muito menos, não ocupar espaço no armário, ter sempre um produto novo e economizar até R$ 800 numa mala que seria usada de duas a três vezes por ano”, justifica.

Facilidade e qualidade é o que também preconiza o aluguel nada convencional “inventado” por Cássio Di Pietro. A empresa dele, a Alpha Dog, trabalha com aluguel de cães de segurança. Isso mesmo. São cães das raças pastor alemão, pastor belga malinois e hotweiller que custam R$ 950 mensais. Os animais, que só trabalham em parceria com vigias humanos, são adestrados e treinados para tal função.

“Muita gente estranha e pergunta “aluguel de cachorro?”, mas é super comum fora do Brasil. Os animais estão constantemente alertas e não custam um terço de outros tipos de seguranças”, detalha Cássio.

Para levar para casa ou para a empresa, o cliente assina um contrato de um ano e se compromete a manter a qualidade de vida do animal. Alimentação e veterinário, porém, ficam por conta do dono do cão.

*Nome fictício.  

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