Bombeiros acreditam em celeridade para encontrar mais corpos em Brumadinho com estratégia de buscas

Daniele Franco
04/07/2019 às 18:14.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:24
 (Corpo de Bombeiros/Divulgação)

(Corpo de Bombeiros/Divulgação)

No 161º dia de buscas em Brumadinho nesta quinta-feira (4), onde o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, da Vale, deixou 270 desaparecidos, o Corpo de Bombeiros destacou a importância do planejamento e do serviço de inteligência para o trabalho dos militares. "Se fôssemos manejar todo o rejeito, demoraríamos cerca de 2 anos para encontrar todos os desaparecidos, mas até o momento manejamos menos de 10% da área e já atingimos de 91% de identificação dos corpos", declarou o tenente Pedro Aihara, porta-voz da corporação.

A fala do militar aconteceu durante uma coletiva de imprensa promovida para falar sobre o corpo que foi encontrado nessa quarta-feira (3). O cadáver, de acordo com os bombeiros, estava quase intacto, faltando apenas um membro inferior. O corpo seria de um homem de cerca de 50 anos e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal para os trabalhos de identificação. Agora, segundo o que apontou Aihara, a probabilidade de encontrar mais corpos aumenta, uma vez que a efetividade da estratégia de mapeamento aumenta à medida que há mais dados para serem cruzados.

O corpo encontrado na quarta foi, segundo o militar, uma prova de que o sistema está dando certo e vem ficando cada vez mais eficiente, já que ele foi encontrado justamente onde a previsão apontava. O cadáver foi encontrado a 8 metros de profundidade e, segundo Aihara, seu estado de conservação se devem às condições do ambiente, que aliavam baixa presença de oxigênio, presença de minério ao redor, baixas temperaturas e alta umidade, o que leva ao fenômeno de saponificação, que dificulta o proceso de decomposição dos corpos.

Mapeamento inteligente

Desde o primeiro dia de buscas, os militares do Corpo de Bombeiros realizam um mapeamento de dados baseado em uma série de referências. Segundo o tenente Aihara, um mapa da área por onde a lama se espalhou foi preenchido com o que ele chama de plotagens, que apontam onde corpos, objetos e sinais de rádios e celulares foram encontrados. "Todos os militares saem com um aparelho de GPS e um celular e sempre que encontram algum item de interesse, desde objetos pessoais até mobiliário, a partir disso investigamos onde esses itens estavam e identificamos áreas de interesse para encontrarmos corpos ou segmentos de corpos", explicou.

Uma das estratégias utilizadas para definir as áreas onde há maior probabilidade de encontrar desaparecidos é o mapeamento de pessoas que estavam junto deles no momento em que a tragédia aconteceu. A partir desse estudo, é identificado onde os corpos dessas pessoas foram encontradas e prever com uma acurácia bastante satisfatória onde podem estar os desaparecidos correspondentes.

Os piezômetros, usados para o controle da barragem quando ela ainda estava lá, também foram instrumentos de estudo dos bombeiros, que mapearam os locais onde eles estavam e onde foram encontrados para definir o comportamento da lama desde o ponto inicial.

Sem data para acabar

Além de explicar a estratégia dos militares, o tenente Pedro Aihara destacou que a operação de busca em Brumadinho não tem data para acabar. "Embora muita gente ache que já estamos parando, a operação continua de guerra, temos uma média de 150 militares por dia e mais de 100 máquinas pesadas trabalhando para encontrar os desaparecidos", reiterou.

A operação é a mais longa da história dos bombeiros, com 161 dias completados nesta quinta-feira. Apesar de um novo corpo encontrado, os números permanecem os mesmos uma vez que o cadáver ainda não foi identificado. O Corpo de Bombeiros contou 270 vítimas, das quais 246 foram identificadas e 24 permanecem desaparecidas. Foram encontrados 678 segmentos e corpos e 136 permanecem sem identificação.

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